sábado, 14 de setembro de 2013

A História Do Meu Teclado*

Tinha 15 anos quando mudei pela terceira vez de escola. Muita coisa se pode reconduzir a essa decisão de mudar de escola. Foi nesse ano que descobri muita coisa. Que li muita coisa que me viria a influenciar. O ano em que a vi pela primeira vez. Mas nesse ano não me apercebi de nada. Era Setembro e tinha o meu horário na mão. Cheguei a casa e mostrei aos meus pais. E eles perguntaram quantos do meus colegas estavam na minha turma. Nenhum! Foi o que respondi. Queres mudar de escola? O que parece agora, com esta distância, uma pergunta e um momento supérfluo, foi na realidade uma coisa que estava a ser adiada há alguns anos. Isto, no fundo, mostra como a gosta de água, ou a ultima ratio, é sempre uma coisinha pequenina. Sem significado.

Dois dias tinha um novo horário e estava a entrar na nova escola.

Não conhecia praticamente ninguém. Um ou outro de vista e alguns amigos que tinham a sua turma. O seu grupo de amigos.

Foi começar tudo de novo.

Mas o importante é que naquele momento posso dividir o Eu em o físico e o, à falta de melhor definição, metafísico.

O físico começou a utilizar calças largas. Ténis enormes. T-shirts dois números acima. Ouvia punk rock na escola ouvia The Smiths em casa. Utilizava um chapéu dos New Yorkers. Andava com o skate para todo o lado. Lia a Trasher.

O metafísico normalmente aparecia em casa. A par dos The Smiths lia Tom Wolf, Paul Auster, Eça antes do tempo. E escrevia num caderno preto. Mas nesse ano tive o meu primeiro computador e o teclado apareceu pela primeira vez como o portal para o meu Eu metafísico. Que veio até aqui aos dias de hoje.

Mas e o Eu físico? Gostava de fazer a sua evolução. Como um Eu separado. Os antigos gregos diziam que somos corpo e alma. Desde sempre somos uma dualidade.

O meu Eu físico lutou para ser aceite naquela nova escola. fazer amigos. Conhcer miúdas. Ser um dos melhores a jogar à bola. Como qualquer um. Todos na escola fomos e somos escrutínio de todos os outros. Os nossos Eus metafísicos são escrutínio dos sonhos. Desejos. Ansiedades. Medos.






*titulo fortemente inpirado num dos mais bonitos livros que tive a felicidade e colocar os meus olhos.  Mas, como quase todos os livros que me causaram uma das melhores impressões que senti, não faz parte da minha biblioteca. Uma biblioteca que é construída sem rei nem Roque. O que quero dizer que é construída sem uma qualquer linha orientadora. 

2 comentários:

Sue disse...

Ainda bem que não mudaste de escola :)

E disse...

Foram tres muito bons anos