terça-feira, 25 de outubro de 2016

Tive um sonho do caraças esta noite. Bem, não estão mesmo a ver, era mesmo do caraças. Agora, que já passaram algumas horas, não me recordo do sonho, apenas da sensação que foi do caraças. Eu era uma pessoa completamente diferente. E é isso que recordo. Acordei com tanta força dessa impressão que fui ao espelho logo ver se eu era ainda eu. O eu que conheço desde que me comecei a ver ao espelho.

Sabem, não tenho sardas. Nem uma. E no sonho tinha tantas. quase se confundiam com o tom da minha pele. Porque raio o meu subconsiente se foi lembrar disso. Ninguém da minha família as tem. Incrivel não é?

E, enquanto estava ali na frente do espelho da casa-de-banho logo pela manhã, olhava-me com interesse. Merda, não me vi crescer. Mudar. Quer dizer, vi. Todos nós nos vimos mudar. mas não vimos. Percebem?

Imaginem que todos os dias ao acordarem reparavam naquele pedacinho que estava diferente do dia anterior. Aquele cabelo que ficou mais ralo. Aquele pedaço da pele que agora está mais enrugada. A perda do brilho da pele naquele recanto. Reparavam que todos os dias envelheciam. Que estavam, para todos os efeitos, mais perto da morte. Merda, que ideia lixada. Acho que nos mexia com a cabeça. Agora que penso nisso, mexia com a minha.

E, agora que penso nisso, era isso o meu sonho. E as sardas eram os pontos que eu dia após dia notava. Cada vez eram mais e mais. Cobriam-me lentamente. Faziam-me desaparecer. E eu ia desaparecendo do mundo. Porque era coberto por mim mesmo. Pelas minhas sardas. Pela minha velhice.

Foda-se!



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