No café de todos os dias está uma miúda belíssima. Gira, com estilo. No sítio onde se almoça todos os dias um tipo com pinta. Tem um bom corte de cabelo e ombros largos. Mas, a faculdade já acabou. Já acabou os dias em que amigos de amigos saiam todos juntos. Havia sempre mais alguém. Alguém novo. Um nome novo a colocar numa cara. Num corpo. Agora não. O trabalho é 5 dias por semana. De manhã para o trabalho, no fim o regresso a casa. Os dias arrastam-se até ao fim-de-semana. Onde há um jantar, copos e o que o corpo aguentar. Um amigo, mais outro e alguém leva conhecidos com a promessa de uma noite divertida. A questão: a empatia e a noção de beleza será relativizada pelas poucas oportunidades de conhecer pessoas novas?
Alguém, agora está sozinho, em frente do sofá com a Playstation ligada num jogo de Shoot 'em up. Amendoins em cima da mesa e uma garrafa de vinho tinto aberta. E eu faço companhia no momento de luto relacional. Em que há que reaprender a ser um só. Acordar ao lado de um pedaço de lençol vazio. Não há nada a dizer, apenas estar presente a amparar quando pedem. Porque é aprender a sair para a rua quando apenas passou um pela porta do prédio. Como se vai marcar aqueles 22 dias de férias? Onde se vai no sábado de manhã? É ficar enrolado nos lençóis e esquecer que há dois dias até ser segunda-feira.
Alguém, agora está sozinho, em frente do sofá com a Playstation ligada num jogo de Shoot 'em up. Amendoins em cima da mesa e uma garrafa de vinho tinto aberta. E eu faço companhia no momento de luto relacional. Em que há que reaprender a ser um só. Acordar ao lado de um pedaço de lençol vazio. Não há nada a dizer, apenas estar presente a amparar quando pedem. Porque é aprender a sair para a rua quando apenas passou um pela porta do prédio. Como se vai marcar aqueles 22 dias de férias? Onde se vai no sábado de manhã? É ficar enrolado nos lençóis e esquecer que há dois dias até ser segunda-feira.
Num jantar são seis em redor de uma mesa. Naqueles restaurantes italianos em que a luz está adocicada. Elas falam de um tipo que meteu conversa com uma colega. Não interessa se é giro. Se tem pinta. O que faz ou como estava vestido. A primeira reacção, a lata que teve. Oiço em silêncio, admiro o tipo. Enquanto alguém continua a jogar Playstation no outro lado de Lisboa. Por baixo da toalha branca envio uma SMS, “devias ter vindo”.
A miúda do café está apenas à distância de um “olá”. O tipo do restaurante à distância de um “sorriso”. Existem novas possibilidades. Existem novas realidades. Mas falta a coragem. Falta a percepção de que as coisas são diferentes. “E tu, o que fazias?”. Não sei. No outro lado do Atlântico a actualidade inverteu as regras. Ou o mundo perdeu o glamour, acabaram os “dates” e nasceram os “hang outs”. A internet veio permitir um nascimento de relacionamentos novos. Veio permitir uma realidade virtual em detrimento da realidade espacial. Mas todos querem mais no menor curto de tempo. O poder de compra reduzido aniquilou os jantares e os cinemas. Mas inovou na imaginação. Nasceram festas com o único propósito de estar com aquela pessoa que se sabe que é conhecido do amigo que tem o colega de trabalho. Ou não?
A miúda do café está apenas à distância de um “olá”. O tipo do restaurante à distância de um “sorriso”. Existem novas possibilidades. Existem novas realidades. Mas falta a coragem. Falta a percepção de que as coisas são diferentes. “E tu, o que fazias?”. Não sei. No outro lado do Atlântico a actualidade inverteu as regras. Ou o mundo perdeu o glamour, acabaram os “dates” e nasceram os “hang outs”. A internet veio permitir um nascimento de relacionamentos novos. Veio permitir uma realidade virtual em detrimento da realidade espacial. Mas todos querem mais no menor curto de tempo. O poder de compra reduzido aniquilou os jantares e os cinemas. Mas inovou na imaginação. Nasceram festas com o único propósito de estar com aquela pessoa que se sabe que é conhecido do amigo que tem o colega de trabalho. Ou não?
O iPhone toca The XX como toque. Atendo. “Convidei-a para café, aquela miúda do café. Eu sei, parece redundância, mas é verdade. Ela estava ali a pedir um café na Padaria Portuguesa mesmo ao meu lado. Deixou cair o pacote de açúcar e eu apanhei. Pensei, foda-se, o pior é rir-se da minha cara. O que me obrigaria a escolher outro café. Mas não, aceitou. Mais logo vamo-nos encontrar no Kaffeehaus”. Não sei que responder, um simples “boa” parece curto e insonso.
No outro lado do Atlântico são menos 5 horas. Quando forem cinco da manhã em Lisboa será meia noite em Brooklyn. Ela vai entrar naquela festa em Williamsburg. Ele vai estar à espera. Pediu para que a convidassem. Ela sabe que pode conhecer alguém. São poucas as oportunidades. Vai escolher um modelo inspirado em Alexa Chung. Durante a tarde vai passar pela Barneys para uns acessórios com um salto às lojas vintage no SoHo.
“I’ve seen men put more effort into finding a movie to watch on Netflix Instant than composing a coherent message to ask a woman out,”
Anna Goldfarb, 34, an author and blogger in Moorestown, N.J.
It’s like online job applications, you can target many people simultaneously — it’s like darts on a dart board, eventually one will stick,”
Joshua Sky, 26, a branding coordinator in Manhattan
4 comentários:
Maravilhosa descoberta este blog :)
Obrigado. Podes voltar sempre que quiseres.
Será que pensamos todos o mesmo ao passar por essa situação?
Eu acho que sim.
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