Acho que tínhamos 14 anos. O meu melhor amigo disse-me, olha, gosto de gajos, pronto, já disse. Olhei para ele e ri-me. Gostas de homens, a sério? Ele encolheu os ombros, e disse que sim com a cabeça. E rimo-nos os dois. Aos 14 anos não percebes tudo. Mas percebes o suficiente. O primeiro pensamento que tive foi, e agora falar de gajas contigo, como é? Igual, acho, respondeu-me. Mas agora já não gostas de mamas. Nunca gostei.
Alguns anos mais tarde fomos acampar para Porto Covo com um grupo de amigos. Tínhamos saído na noite anterior e tinha conhecido uma miúda. Estava a contar-lhe e, bem, não interessa. Um cavalheiro nunca fala (hahahah). E ele diz-me, nunca pinei. Ok, aos 16 anos nunca confessamos. Já pinamos todos desde os 10. É uma espécie de lei não escrita. Como assim? Disse. Recordo agora que estávamos alcoolizados quando esta conversa se deu (se não estávamos é assim que a recordo). Nunca, disse ele. Nunca vi uma pila ao vivo. Ah, é verdade. E desatou-se a rir. Dei um golo (no que fosse que estivesse a beber). Mas já tiveste com gajos? perguntei-lhe, e foi a primeira pergunta mais direta que lhe fiz desde que me tinha contado. Sim, mas queres mesmo saber? respondeu-me. Sei lá.
Nesse verão. Até acho que foi nesse acampamento, que toda a gente soube. Estávamos a jogar ao verdade ou consequência. Nós mais umas miúdas do Porto (ah, aquelas miúdas do Porto, sabiam que... bem, não interessa, não se conta hahahah. Ok, conta-se, Eram boas e, bem, ficamos por aqui). E quando chegou ao meu amigo a pergunta foi, qual destas miúdas levávas para a tenda (a pergunta foi feita por uma delas. E ele responde, nenhuma, não gosto de gajas. Eu engasguei-me (com o que estivesse a beber). O pior jogo de sempre de engate teve a melhor resposta de sempre. mas não tenham pena dela, um dos nossos outros amigos voluntariou-se para a consolar.
E hoje lembrei-me disto tudo. No facebook casou-se. Ou melhor, vi no facebook que se casou. Em Las vegas. Que piroso.
3 comentários:
devias escrever um livro. juro! que bom.
Já tinha saudades de te ler, E.
a realidade supera tantas vezes a ficção. boa história.
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