Reality faz-nos um check-in todas as manhãs. Olá, bom dia, diz adeus ao sonho, é altura de acordares. Lisboa tem a sua luz, o que melhora sempre alguma coisa. Passam carros nas estradas apinhadas. Carros que andam com milagres de mecânicos de esquina a troco de fortunas que não se tem. Mas o que interessa é que o caro ande. No semáforo ao lado um Porsche com fatos Zegna pendurados no banco traseiro. Afinal é um Porshe familiar. O condutor confessou ao almoço num restaurante de toalhas de pano branco que a mulher só lhe deixava comprar um Porsche se tivesse mais do que dois lugares. Os outros à mesa, nos seus fatos bonitos de dois botões, riram-se. Mas todos se reviram naquela situação. No rua, do outro lado do restaurante, um rapaz de calças justas pretas ouve auscultadores. Ouve Johnny Cash quando em miúdo não queria ouvir as músicas dos pais. Mas agora gosta. Escreve ao mesmo tempo num iPhone que comprou com o dinheiro do part-time a seguir à faculdade. À noite actualiza o status no facebook sentado na cozinha que partilha com colegas enquanto janta uma lata de atum com massa mal cozida. Lá fora, sob a luz de um candeeiro, uma puta tenta fazer o dinheiro da noite. Escolheu a saia mais curta que tinha, quando a escolha se reduz a duas que comprou na pinkie em saldos. Sorri para os homens que passam mas sente-se sozinha. Fode por dinheiro e quer ter sexo por amor. Ajeita as mamas quando está sozinha. Tenta as sobressair. Mas os anos são fodidos e os três filhos deixara-nas com esterias e descaídas. O cabelo estragado das tintas baratas. Mas são investimento, pensa. Tal como as mamas das putas de luxo que depois acompanham os tipos dos Porsches.
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quarta-feira, 8 de outubro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
Um Amigo Ligou-me
Pelo Facetime. Desliguei porque estava no trabalho. Voltou a ligar-me de forma normal. Porque não atendeste?, pergutou-me ele. Estou a trabalhar, respondi. Claro, no teu gabinete rodeado de ecrãs e coisas. Sim, diz lá, disse. Estou apaixonado, respondeu-me.
Este amigo tem o record absoluto de paixões. São várias. Todos os dias. Todos os dias. Diz ele que são paixões platónicas, mas não deixam de ser paixões. Com o Facebook e com o Instagram. Ah, o instagram, diz ele. Como conseguimos ser indiferentes, pergunta retórica que lança constantemente para o ar. Diz ele que se dá conta a fazer refresh vezes e vezes sem conta para ver se ela, a nova paixão, publicou mais alguma foto. Mas que não faz nenhum like. Aprecia-a ao longe. Não a segue. Sabe nome e escreve. Disse-lhe que tudo aquilo era um pouco sinistro. Ele ofendeu-se. Diz que não persegue ninguém. Ela não sabe dele e ele não a prejudica. Apenas está apaixonado. Platonicamente, digo-lhe eu. Sim, mas apaixonado ainda assim, riposta.
E como ela é? Acabo por pergunta. Tento imaginá-la. Alta magra e bonita. Morena ou loira? Mas ele diz-me que é poderosamente feminina. Forte no seu poder. Que ela de certo conhece-se. O seu corpo. a forma das ancas. Das mamas. Dos ossos dos ombros. Da barriga lisa que mostra nos crop tops. Oiço-o em silência enquanto ele a descreve. É lixado isto, penso, saber que cedemos ao poder físico de alguém única e exclusivamente pela beleza que podem ter. Pela sensualidade que emanam. Pelo tesão que transpiram. Somos seres sexuais. E cedemos sempre. Talvez mais nós. Talvez menos elas. Talvez. Talvez sob camadas de bons costumes que dizem que assim tem de ser.
Não me dizes nada? Oiço do outro lado ele perguntar-me. E não, não tenho nada para lhe dizer.
Este amigo tem o record absoluto de paixões. São várias. Todos os dias. Todos os dias. Diz ele que são paixões platónicas, mas não deixam de ser paixões. Com o Facebook e com o Instagram. Ah, o instagram, diz ele. Como conseguimos ser indiferentes, pergunta retórica que lança constantemente para o ar. Diz ele que se dá conta a fazer refresh vezes e vezes sem conta para ver se ela, a nova paixão, publicou mais alguma foto. Mas que não faz nenhum like. Aprecia-a ao longe. Não a segue. Sabe nome e escreve. Disse-lhe que tudo aquilo era um pouco sinistro. Ele ofendeu-se. Diz que não persegue ninguém. Ela não sabe dele e ele não a prejudica. Apenas está apaixonado. Platonicamente, digo-lhe eu. Sim, mas apaixonado ainda assim, riposta.
E como ela é? Acabo por pergunta. Tento imaginá-la. Alta magra e bonita. Morena ou loira? Mas ele diz-me que é poderosamente feminina. Forte no seu poder. Que ela de certo conhece-se. O seu corpo. a forma das ancas. Das mamas. Dos ossos dos ombros. Da barriga lisa que mostra nos crop tops. Oiço-o em silência enquanto ele a descreve. É lixado isto, penso, saber que cedemos ao poder físico de alguém única e exclusivamente pela beleza que podem ter. Pela sensualidade que emanam. Pelo tesão que transpiram. Somos seres sexuais. E cedemos sempre. Talvez mais nós. Talvez menos elas. Talvez. Talvez sob camadas de bons costumes que dizem que assim tem de ser.
Não me dizes nada? Oiço do outro lado ele perguntar-me. E não, não tenho nada para lhe dizer.
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