quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

São 2 horas da manhã aqui no Porto

E não consigo dormir. Rolo de um lado para o outro na cama. Estou num quarto single mas tem duas camas. Vejo as luzes da Avenida da Boavista da janela do meu quarto. Há pouco passou um casal na rua de mãos dadas. Oiço por vezes alguns residentes no corredor. Oiço as suas vozes mas não percebo o que dizem. Consigo perceber o vazio de quem faz da estrada vida. No final do dia regressam para um quarto de hotel vazio, triste e sozinho. Fazem para termos comodidade mas não conseguiram ainda inventar alma para borrifar. Tentei ler Fitzgerald mas só me fez apetecer ouvir jazz, não tenho uma única faixa no iPhone para me saciar a vontade. Há umas horas fui correr. Há qualquer coisa de metafísico em correr por uma cidade à noite. As ruas desertas e as suas sombras mostram-nos uma outra cidade. Cheguei até à Foz, suado, cansado e com a respiração alterada. A praia estava deserta e as ondas continuavam ali. Este fenómeno da natureza que faz a água chegar às margens em golfadas é certo e confiável. Arrisco mesmo, eterno. Como cheguei a pensar no antigo endereço do blog. Seria para sempre. Uma marco pequenino e invisível de que andei por cá. Criei um alter ego e escrevi coisas. Mas o Google é lixado. Perdi tudo. Como tive de correr de novo a Avenida da Boavista para cima tenho de rescrever. Carreguei agora no play do iPhone e estou a ouvir The National. Amanhã vou ter sono. Devo deixar o Porto para trás e volto para Lisboa. Volto para a minha bicicleta. Para o meu café habitual onde me comecem. Para o Gato preto. Os meus ténis. E para os braços dela.

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