terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Somos tantas pessoas quantos os olhos que nos vêm


Escrevi pela primeira vez esta frase há alguns anos. Somos imensa coisa. Vêm-nos de tanta forma. Pelo que dizemos, pelo que escrevemos, pelo que aparentamos, pelo que vestimos. O mundo é um enorme tribunal das primeiras aparências sem direito a recurso de apelação. Que se fodam os julgamentos, continuamos a ser quem somos, quando aumentamos a música em casa, apagamos as luzes e dançamos em silêncio. Desde Gansta Prep a Hipster, passando por Mcnairy. Ignoro. Pedalo indiferente, mesmo que por vezes sinta o sabor do alcatrão. No final de contas só uma coisa conta, chegar a casa e sorrir. Ter um gato preto aos saltos a soltar um miado e o cheiro do cabelo dela.  Acredito demais na simplicidade. Acredito num sentido estético que não consigo colocar o nome. Bastam-me meros segundos para saber se sim ou não. Mesmo quando era puto e só queria jeans 3 números acima e t-shirts também. As regras não eram para mim. O que me levou a Direito. Mas regras sem bom senso é uma desorganização. O que me afastou do Direito. Aprecio o anonimato, e era isso que gostava naquelas roupas largas, o passar despercebido. O que me levou a NYC, porque é grande, porque está cheia de pessoas sem nome. Há pessoas que escrevem, e depois aquelas que fazem os livros que gosto. Por uma razão ou outra, o gosto terá sempre de ser subjectivo, só funciona assim. "Murakami  é pop, como tu", disseram. Não fiquei ofendido, agradeci e continuei.  

2 comentários:

Pulha Garcia disse...

Spot on. Precisamos de cidades como NY para nos perdermos um bocado. Quando estava lá costumava escolher um bairro e depois ficava às voltas sem olhar para o mapa, tomando um café numa esplanada a ler um livro e a ver os cidadãos comuns a passar. Passava horas nisto.

E disse...

Eu adoro isso também. Adoro ver as pessoas a interagirem com o mundo, com as cidades. É fantásticos. E aquela cidade é fantástica para isso mesmo. Tenho de voltar. Temos de voltar.