quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Assim começa a primeira resposta


“Hypebeast was founded in 2005 as a simple sneaker blog”, Kevin Ma para a Forbes. Hoje é um site ao lado do The Sartorialist e Jak & Jil. Marant colocou saltos nos ténis. Como que a querer levar o Glamour para aquele lado estético da street appeal. Posso gostar de ténis. E de sapatos com solas diferentes ou cordões às cores. Mas nunca podemos mudar a nossa identidade.

Quando entrei para a Faculdade os ténis eram completamente parvos. As miúdas só olhavam para quem tinha sapatos de vela. Depois começaram a usar uns ténis feios, directamente do ginásio. Nunca percebi aquele sentido estético. Eram imitações bacocas dos catálogos da Quebramar. Cheguei a ter recaídas. Tive um polo náutico. Senti-me tão parvo. Precisei quase de uma bebida para esquecer aquele erro crasso. E cheguei a ter sapatos de vela. Uma prova que, de facto, a faculdade é um período de experimentação. Mas passei ao lado do clube dos fixes. Nunca levei a prancha de surf para a faculdade. Levava livros e cadernos. E levava ténis a maior parte das vezes. Como ainda hoje.

Há uns dias estava num quiosque da Avenida da Liberdade a beber um café. Estava sozinho. A bicicleta estava presa num poste. Estava a ler a Monocle. Um tipo viu-me e sentou-se na minha mesa depois de me cumprimentar. Era um antigo colega da Faculdade. Depois dos cumprimentos habituais disse-me que era advogado. Tive quase para dizer “tenho muita pena, a sério”, mas depois lembrei-me que foi quase o meu destino. Depois ele meteu-se comigo por estar a ler uma revista que tem pouco de ténis. Ainda se lembrava. Eu disse que a revista era mais que isso, e tem toda uma estética e assuntos que interessa a quem gosta de ténis. Depois disse-me que tinha de ir buscar o carro porque o parque ficava caro. Eu disse que tinha a bicicleta ali presa. Ele olhou para mim muito sério e disse: “mas quantos ano tens tu?”.

2 comentários:

Mary Jane disse...

Eu fui obrigada a largar as sapatilhas (sim, porque ténis eu só levo quando estou com lisboetas que precisam de tradução ;)) que usava de uma forma praticamente diária algures na faculdade, tal como antes no secundário. Fiz o luto - quase profundo - mas entretanto as sapatilhas largaram completamente os meus pés. Ao fim-de-semana já nem sentia vontade de as calçar. Este fim-de-semana comprei umas sapatilhas, cheias de pinta, e senti-me tão bem a trabalhar com elas. Afinal não te entreténs com o direito?

E disse...

Mas eu percebo perfeitamente nas miúdas o largarem os ténis - sapatilhas no teu caso ;) - é quase um rito da passagem de menina para mulher. com os Saltos e as malas. Se bem que agora anda tudo baralhado, miúdas com malas logo quando ainda mal sabem andar. Mas por vezes, já mulheres, esquecem-se o poder de uns ténis. Porque se esquecem do seu próprio poder. Confiam tudo nuns saltos. Ou num decote. esquece o impacto sweat cinzenta. enfim. Tal como te sentiste bem com as tuas sapatilhas cheia sd epinta.

se me entretenho com o direito? teve alturas. Ou anos. Anos atrás.