terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É difícil que algumas pessoam entendam (a todos aqueles que andam de carro)



Bicicletas são meios de transporte! E os meios de transporte andam pelas estradas! Partilhamos aquele espaço com motos, carros, autocarros, eléctricos e, por vezes, carroças  - já me aconteceu! E à parte das carroças somos por vezes os mais lentos. Quando digo muitas vezes que o meu meio de transporte é a bicicleta há surpresa, espanto e gozo. Perguntam-me se não gosto do metro. Se não tenho carro. Tenho um carro à porta de casa que anda quando assim tem de ser ou me apetece. Não defendo o uso exclusivo da bicicleta. Apenas quando me dá jeito e me apetece. Tenho um cartão com viagens para o metro em caso de necessidade. Mas a ideia a reter é: a bicicleta é um meio de transporte. Não percebo quando buzinam atrás de mim colando-se ao pneu traseiro. Não vou pedalar mais depressa e não vou parar para subir para o passeio. Só o faço no caso dos eléctricos. Estes não me podem ultrapassar. Curiosamente, os taxistas são os condutores mais compreensivos. Os outros, a grande parte, cambada de analfabrutos. Dispenso as razias. Dispenso os insultos de janela aberta ao meu lado. Existem grupos de apoio para controlo de raiva, eu não faço parte. Nem todos somos Hipsters de fixies coloridas. Nem todos somos velhinhos que vão de bicicleta para o parque. Nem todos somos designers com pasteleiras remodeladas. Nem todos somos John Does com bicicletas perfeitamente normais. Mas todos temos o direito de andar na estrada. E as estradas para além daquelas máquinas de guerra guiadas por psicopatas com dedo rápido na buzina têm outros perigos. Pedestres que julgam que o travão de uma bicicleta é igual a de uma daquelas máquinas. Eles atravessam, nós paramos. Assim, na hora. Portas dos carros que se abrem automaticamente. Carris que nos obrigam a andar pelo meio da faixa ou nas bermas. Bermas que são campos de guerra para poupar no alcatrão.

Não é assim muito difícil de compreender. É um meio de transporte igual aqueles onde as pessoas vão sentadas com ar de enfado: levam-nos do ponto A ao ponto B. A diferença, talvez, é que tem muito mais piada. A diferença são um sem número de vantagens que se reduzem a duas ou três que aparecem hoje nas revistas: faz bem ao ambiente, faz bem a quem pedala. Mas há mais. É o tempo que se demora a fazer o trajecto que em alguns casos se fazia mais rápido de outra forma. Mas assim há um gozo maior. E quando toda a gente se queixa de não ter tempo, aquele passa a ser “o nosso tempo”.

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