quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Neste dia




A minha colega entrou no escritório nuns vertiginosos saltos altos. Aqueles, da famosa sola encarnada. Pousou a sua mala Prada caríssima no seu lugar, ao meu lado, e foi buscar um café. Quando se sentou contou-me que lhes tinham sido oferecidos pelo namorado. O mesmo que acordou mais cedo e lhe levou o pequeno-almoço à cama. Não contente com isso, ainda a acompanhou até à porta do escritório. Bebericava o seu café à medida que me ia contando. O seu ar irradiava felicidade. Mesmo quando na sexta me dizia que não ligava nada ao dia.

Não podia ter sido outro o tema de conversa ao almoço. Todos gajos.  Uns maldiziam o dia. Outros deliravam com ele. Todos tinham alguma espécie de plano para o serão. Todos tinham uma espécie de plano secreto. Alguns, até, um plano B. Jantares, escapadas, noite no Sheraton, no Tivoli. Flores, chocolates, colares. Clichés. Muitos.

O que eu sei é que isto dos afectos é complicado. É uma prova de endurance. Custa. Ao início começamos cheios de tesão. Depois, vem a parte difícil, a parte do quero que isto se foda tudo. A parte em que muitos mandam tudo à merda. Razões? O teste do tempo é fodido. Uns aguentam. Outros não. São fracos. Há ali afecto. Mas o tempo não faz prisioneiros. É difícil para nós. É difícil para elas. Isto dos afectos, dos relacionamento é uma montanha russa. Descrevê-los é recorrer a mil clichés. É recorrer a palavras feitas. É saber que há zangas. Há amuos. Há beijos. Há carícias. Há sexo. Há abraços. Há jantares a dois. Há momentos de silêncio. Há momentos de riso descontrolado. Há mãos dadas. Há tudo o que aquelas pessoas entendam que deve haver e o que não deve haver. Porque vai haver de tudo. E no final: eles. 

Então, qual é o mal de duas pessoas celebrarem esta coisa dos afectos e dos relacionamentos neste dia?



(tem dois anos este post)

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