Fernando Pessoa escrevia por gosto. Era o seu passatempo. O que ganhava com o que escrevia servia para pagar as contas. Mas com esforço e algum malabarismo. E a juntar aos livros, o que ele gostava também era de camisas e de casacos. Aquele género de gostos que não se associa de imediato a Pessoa. Camisas de bom corte, mangas ajustadas ao corpo, colarinhos à inglesa. Casacos que acompanhassem o tronco, com dois botões e casas nas mangas.
Mas as contas eram muitas e o dinheiro era pouco. As suas camisas e os seus casacos eram usados até à ao limite do tecido. Sentava-se em lugares de Lisboa sobejamente conhecidos. Onde cotovelos no tampo da mesa roçavam ainda mais o tecido. Mas como escrever era o que gostava e sabia continuava. Continuava a admirar as camisas e os casacos das montras da Baixa Lisboeta. Percorria a Rua Augusta e o Rossio a ver as lojas da altura. Algumas ainda existem.
Gosto mais do Pessoa em prosa. Gosto do Pessoa que em prosa escrevia poemas. O que eu também gosto em Pessoa é que também gostava de camisas e casacos. E isto é o que se aprende num almoço em Lisboa não muito longe da Brasileira. Que não podia ser o sítio mais certo.
4 comentários:
espreita: http://joaonunes.com/2013/guionismo/produtora-procura-guioes-para-co-producoes-luso-brasileiras/
e força ;-)
O teu middle name podia ser Pessoa ;)
Muito obrigado, Anónimo. Que ao me mostrares isso fico com a sensação que me conheces mais do que eu te conheço a ti
Uena, não insultes o Fernando, pá ;)
Enviar um comentário