segunda-feira, 27 de maio de 2013

Hei man, I`m from Brooklyn



Quando ainda no aeroporto esperávamos pelas malas, travámos conversa com um tipo que morava em Brooklyn. Disse que teria saudade dos cigarros europeus, de uma ou outra cerveja e das miúdas europeias. Mais giras que as americanas. Depois de apanhar a sua mala virou-se para nós e disse que só nos daria um conselho. Em situações de aperto deveriamos dizer com voz grossa e cheios de confiança "Hei man, I`m from Brooklyn."

Nunca testámos a sua teoria. Por timidez e falta de oportunidades. Ainda que, em situações diferentes, a dissessemos seguida de risos e algumas gargalhadas. Como se fosse virgulas e pontos de exclamações nas nossas conversas. Como se isso nos tornasse mais perto de sermos habitantes da cidade. Fosse uma inside joke sem qualquer piada mas com um poder de atracção ao qual não erámos indiferentes. Brooklyn era, ainda, um mundo novo. O mundo de Paul Auster e alguns filmes. O que implicava muitas páginas por ler e muitos filmes por ver.

Quando ao terceiro dia passámos a Brooklyn Bridge pelo L Train ela perguntou-me se tivesse de abdicar de todos os autores menos os de uma nacionalidade quais os que eu escolheria. Sabia que ela me estava a colocar à prova. Colocava à prova a minha dualidade. Abdicaria, a custo, de Proust, mas ficava com todos os americanos. Os bons e os maus. Porquê? pergunta-me enquantro entrávamos em Brooklyn. Sei lá... 


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