"Teoricamente sabe-se que a terra gira, mas de facto não damos por isso, o
chão que pisamos parece que não se mexe e vivemos tranquilos. É o que
se passa com o Tempo na vida"
Marcel Proust
Hoje voltei à baixa lisboeta. Hoje voltei a andar de metro enfiado num fato rodeado de pessoas. E hoje voltei a lembrar-me deste livro. O livro que mais dificuldade tive em ler. E não li, ainda, todos os volumes. Lembrei-me porque não me apercebo que o tempo anda. Como tudo anda. Que ali, no metro, algumas daquelas pessoas já se cruzaram comigo e não me conseguia recordar de nenhuma. Como não consigo recordar o momento em que o tempo mudou e segui um outro caminho.
Ao final da tarde, naqueles café com esplanada em recantos do Chiado, tomei café com um amigo. Não o via há tempos. Estava diferente. Mais moreno. T-shirt lisa de uma marca da moda. As calças enroladas deixavam ver os tornozelos nus nuns ténis coloridos. Barba por fazer e cabelo cortado rente contava o que tinha feito no fim-de-semana passado. Tinha passado o tempo quente, amiúde, na praia. Tinha ido com uma amiga que andava a ler livros franceses cheio de filosofias e coisas dessas. Mas ele gosta dela e investe o tempo na sua companhia. Mesmo que tenha de ouvir, de tempos a tempos, filosofia. preferia, dizia-me ele, quando elas falavam do Sexo e a Cidade. Mas elas ainda falam do Sexo e da Cidade, disse eu. Não esta. E esta pelo que ele me contava parecia-me bastante interessante. Chama-se Madalena.
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