sexta-feira, 21 de junho de 2013

Entrevistei Murakami



Quando marcámos, por telefone, ele disse que primeiro iria correr e perguntou se eu queria ir com ele. O meu joelho ainda não estava bom, por isso recusei educadamente. Amaldiçoei o joelho. Perdi uma oportunidade de tentar acompanhar Murakami enquanto corria. Incapaz de o acompanhar no talento e na capacidade de escrita, achei que na corrida teria alguma hipótese. Eu!, que nunca corri qualquer meia maratona. Ele, um corredor conhecido. Enquanto esperava que ele terminasse a sua corrida matinal eu estava à frente de uma chávena de café com vista para a rua a pensar. O café era simples. Despretensioso. Tinha sido escolhido por ele. Tinha num pequeno bloco as perguntas que gostava de lhe fazer. Tentava estudar a ordem pela qual as iria fazer. Queria que fosse diferente. Longe das entrevistas que ele já tinha dado. Quando ele chegou, sentou-se em silêncio depois de ter pedido uma pequena chávena de chá verde. Fez-me um sorriso silencioso. Podes começar, era o que dizia. 

Balbuciei algumas coisas e nenhuma pergunta saia. Ele agradeceu em voz baixa ao empregado que lhe trouxe o chá. Depois disse-me que tinha lido o meu blog. Como?! perguntei. Com ajuda do tradutor online. Li-o em francês. Tentei em japonês primeiro e depois em inglês. Achei que o francês era o mais acertado, tanto quanto podem ser esses tradutores online. Porquê?! Perguntei. Olhou-me de frente. Nos olhos vi-lhe a força com que consegue correr. Vi a força com que consegue escrever as suas histórias. A força que não tenho. Porquê? Repetiu a minha pergunta para si mesmo. Não achas que é por demais evidente?

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