segunda-feira, 10 de junho de 2013

Foi assim que começou



Subimos a estrada pelo lado direito do Lago de Como até Bellagio com atenção redobrada. A estrada é cheia de curvas, estreita e a paisagem deslumbrante. Uma combinação aterradora. Bellagio é belo. Pequeno. E doce. Começa a chuviscar e entramos num café. Sentado a uma mesa com os seus dentes à lá Hollywood e uns óculos escuros de sol estava George. Acena-me. Demoraram, diz-me. O voo atrasou-se, respondo-lhe. Ele ri-se para criar empatia. E percebo porque elas se derretem. Ela está derretida. Venham daí. E fomos. Na sua lancha andámos pelo Lago. Mostrou-nos as casas escondidas nas colinas. As casas junto às margens do Lago. Mostrou-nos tudo antes de irmos para a sua casa. Estava lá a Stacy e todos os que deixaram Cannes para trás depois do festival. Ofereceram-nos vinho italiano. Mais fraco que o nosso. Mais doce. Bebemos até sentirmos a cabeça leve. sentei-me no sofá no centro da sala. Estou ao lado de intelectuais. Perguntam-me de onde conheço o George. Daí respondo. Perguntam-me o que faço. Parece-me parvo responder que construo sonhos, que é o que respondo sempre. Um deles pergunta-me se sou o tipo de Portugal, o que quer escrever. Sim, sou eu. Um conselho, diz-me isto quando acende um charuto, tens de abrir a mente para o que é, ou deixa de ser, uma narrativa. Agradeci, ainda que não percebesse o alcance. Devia ser do vinho. No dia seguinte, ao pequeno-almoço, George disse-me para o seguir até à garagem. Mostrou-me um fiat antigo, clássico. Remodelado e descapotável. Toma, disse, leva, para a tua viagem. Agradeci e uma hora depois parti com ela para Cinque Terra.

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