terça-feira, 16 de julho de 2013

A rapariga do metro



Sentou-se à minha frente. Eu estava a ler sobre a relação de Sartre e Simone de Beauvoir. Ela tinha uma pequena blusa branca que lhe deixava à mostra os ombros finos. Falava ao telefone pelo auscultador do iPhone. Cruzou as pernas e umas sabrinha à lá Marc Jacobs mostraram-se. Tentei regressar à leitura. Mas ouvia em fundo a voz dela. Falava de forma ríspida com alguém. Mas acetrtiva. Num tom de voz confiante. Coloquei os meus auscultadores e comecei a ouvir White Lies. Duas estações à frente leventei os olhos para descansar das letras. Ela desligava a chamada e de uma pequena mala preta tirou um livro. Começou a ler Dostoievski depois de ajeitar o cabelo. Pelo marcador já ia a meio d`O Idiota. O meu livro preferido dele. Fazia um pequeno movimento com a sobrancelha enquanto lia. Saiu duas estações depois. Eu sai na próxima.

2 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Dá aquela vontade de sair e ir atrás. Ou poder ter mais tempo para ver, olhar...
Um pouco como "Antes do Amanhecer".

E disse...

É isso mesmo