quarta-feira, 31 de julho de 2013

Brunch e cultura popular



A semana passada saímos para um brunch. Era em casa. Numa dessas com varandas enormes a sair da sala para o abismo do céu de Lisboa. Víamos o rio. Estava lá imensa gente. Elas e eles. Elas, algumas, com lenços na cabeça e lábios pintados com cores bonitas. Eles com wayfarer e Persol que tinham na cara enquanto fumavam cigarros na varanda. A televisão estava ligada em mute na Fox. Passava baixinho uma selecção de músicas curadas pelos donos. Cheirava a bolos quentes e a compotas várias. Era Domingo.

Quando na Fox começou - mais uma vez - a repetição de um episódio d`O Sexo e a Cidade elas começaram a mover-se mais devagar de um lado para o outro. Eles foram fumando cada vez menos. Uma delas sentou-se no tapete felpudo à frente da televisão. Comia um bolo quentinho e bebia um sumo de laranja. E dava uma olhada à Carrie e às amigas. Foi quanto bastou. Não interessa quantas vezes já deu. Continuam a lançar as sua influência. Afinal, todas as miúdas gostam de sapatos. E todos os tipos gostam de saber do que elas falam quando vão à casa-de-banho. 

Naquele episódio Carrie andava com um escritor. Burguês de uma família de intelectuais. Pai e mãe ligados à arte e à sociologia e ao ensino. A mãe faz documentários e tem um atitude aberta em relação ao sexo. O Pai é professor numa Ivy League. Viviam numa casa com móveis de madeira pesada a mostrar anos. As irmãs do escritor chamam-se Franny e Zooey. Carrie questiona, a mãe responde, sim, influência de J.D. Salinger. Uma das irmãs é lésbica e tudo é assumido com naturalidade. Carrie apaixona-se por aquela família interessante. Uma família que retrata os americanos burgueses intelectuais. Ele, o escritor, já um pouco mais desinteressante. Nem que seja porque na hora do sexo é demasiado precoce.

Quando o episódio chegou a essa altura, há sorrisos amarelos por parte delas e deles. Sorrisos amarelos sobre um assunto que aterroriza muito tipos. Que faz saltar muitas gargalhadas a elas. E é isso que que a série continua a fazer. A juntar elas, descaradamente, e eles, timidamente. Tudo enquanto se fala deles e delas. E a série sabe o que faz, com referências para os proto-intelectuais, como J.D. Salinger (afinal Franny and Zooey é umas das suas novelas mais conhecidas). 


2 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Agora está a dar em repetição (da repetição).
Como vi a repetição, sinto-me saciado.

E disse...

;) um bocadinho