"Ler um mau livro por vezes não é má ideia!

Corria os meus quilómetros diários ao som da Prova Oral. Inspira, expira, uma passada. O entrevistado era o Rogério Casanova. Entrevistado como quem diz, porque aquilo desata numa conversa pegada de todas as vezes. Ele, Rogério, tem um livro com um gatinho na capa. Parece o meu Instagram recheado de fotos do The Black cat. E Dela. Sempre Ela.

A determinada uma senhora liga para lá. Por altura em que subia a Avenida da Liberdade e via mulheres bonitas a saírem da Burberrys cheias de sacos a entrarem num BMW à porta. A senhora defende que os críticos - de qualquer natureza - deviam apenas falar do que gostavam. O que era mau passava à história.  Não passava no teste das memórias escritas. Casanova diz que até concorda. E eu também. Que me interessa aqueles ténis fatelos que fazem as delícias de sneckerheads porque apareceram simplesmente na Hypebeast? Pois, mas diz o Casanova, que tem prazer em escrever sobre o que não resulta como sobre o que resulta. Um exercício de catarse. Talvez, penso. Nesta altura já estava no Marquês. Não há miúdas giras na rua. Apenas alguns homens com fatos dois números acima. Bancários penso. Conheço-os bem. 

A frase do título é dita quase para o fim do programa. E a mim faz-me sentido. Talvez porque já vesti e comprei t-shirts feias que na altura me pareceram fixes. Até chegar aos New Balance e ao Free Run calcei muita bodega. E antes de ler Maughan li muita porcaria. Quase tanta como a que escrevi. Mas sei que escrevi muito mais porcaria do que a que li. Ao menos sou bom a escolher. 

Passei o Saldanha. As consultoras e consultores que fazem serão fumam cigarros debaixo das arcadas. Para cada criativo, designer, artista, tem de haver um executivo. É a leia da vida. Uns estão de um lado e outros noutro. E uns, como eu correm por Lisboa, tiram fotos a gatinhos e têm um blog. Há lugar para todos. Até para maus livros.