São dois tipos à procura de uns ténis novos

De todos os ténis que tenho, faltavam-me uns Jack Purcell. E essa foi a desculpa. Num sábado destes, morto e sem sol, fui à baixa. Ela tinha ido lanchar com as amigas. À volta de uma mesa vão comer bolos bonitos e beber refrescos coloridos. Enfim, vão ser miúdas com miúdas. Ela levou uma saia que fica mesmo gira. Parecia um catalogo de uma dessas revistas fixes.  

Sentei-me no Fábulas enquanto esperava por um amigo. Incapaz de cumprir horário. Um mal que também padeço. O que me impede de criticar. Pedi um café. Ao lado da minha mesa uma senhora de carrapito lia a Vogue. Achei giro. Quando ele chegou pediu desculpas e pediu também um café. Matámos tempo. Falámos de coisas sem qualquer interesse. Até que me disse que não tinha dormido em casa. Ah, sim, disse-lhe. Yah, respondeu-me. Acendeu um cigarro. Um Davidoff. estás a fumar um marca diferente? perguntei-lhe, reparo nessas coisas. É dela, disse.

Então quando subimos até ao Príncipe Real contou-me que a conheceu na fila para o Lux. O que não estranhei, afinal ele passa lá a vida. Ela é bonita. Tinha umas calças justinhas, mas não eram legguins (pontos a favor) e uns vans azuis. Uns vans azuis? Sim, disse-me, foi o que me chamou à atenção, como te chamou agora a ti quando a descrevia. Sim, confessei enquanto pensava nisso. E isso foi quando? A meio da semana, disse-me.

Não comprei os meus ténis. Não gostei das cores que tinham. O que também nao é estranho, porque mesmo que tivessem em cores que gostasse dificilmente compro à primeira. Despedi-me dele e fui ter com ela. Ele disse que também tinha combinado algo com a miúda dos vans azuis. Fui até ao Café do São Jorge onde pedi mais um café e fiquei à espera.