Hoje, é o dia dela

Apaixonei-me num momento desprevenido. Estava a ver um jogo de futebol, ela meteu-se à frente do televisor e, em vez de lhe dar um grito, não reparei, pela minha saúde, fiquei ali especado a olhar para ela. Um minuto de exposição foi quanto bastou. Não se pode olhar muito tempo ara raparigas bonitas sem este género de merdas acontecer. 

M.E.C. "O Amor é Fodido"

Não me apaixonei no dia em que a vi pela primeira vez. Mas possivelmente estava ao pé de um campo de futebol. Do recreio do liceu onde andámos. Sei que olhei para ela pela primeira vez e por mais esforço que faça não consigo pensar no primeiro pensamento. Vi-a depois muitas vezes. Ela tinha sido da turma de alguns dos meus colegas. Andava muito direita. Com os braços cruzados por baixo do peito. Já na altura falava baixo. O que apreciava. 

E passaram anos. 

Vi-a novamente. Continuava a andar direita. Mas já não cruzava os braços por baixo do peito. Tinha deixado os ténis. Tinha uns sapatos que lhe alongavam a perna. E pronto, olha-se para raparigas bonitas e é isto que acontece. Afinal o M.E.C. Tinha razão. Continuava a falar baixo. E continuava a apreciar-lhe esse pormenor delicioso. E a curiosidade para saber sempre mais. E uma extrema confiança nela própria que é extremamente sensual. Acho incrível como as miúdas não se apercebem do poder da confiança nelas mesmo. E Ela acredita nela. E acredita em mim. E eu agradeço-lhe. Baixinho ao ouvido. Como hoje. Em que lhe digo que hoje é o dia dela. Ela que não quer ter mais anos em cima. Mesmo que isso que lhe traga toda a beleza que Ela ganha.

Hoje é o dia Dela. E também o meu dia. Porque Ela hoje sorri. Parabéns é pouco. Um beijo é pouco. Um abraço também. Porque quando conhecemos alguém metade da nossa vida e metade desse tempo com o prazer de saborear os seus lábios e o seu cheiro - ah, o seu cheiro, podia escrever mil folhas sobre o seu cheiro - tudo nos acaba por parecer pouco. Principalmente quando Ela é muito.

Parabéns a Ela.