terça-feira, 6 de agosto de 2013

Lisboa- Oporto-Braga-Oporto-Lisboa



Apanhei o Alfa de madrugada. Quase, vá. Levei na mala três livros. Um romance, uma biografia e um estudo. E a/o Monocle de verão. Que é um jornal. Ia num lugar de quatro. Encostado à janela. Em vez de ler liguei o iPad e andei à toa entre páginas. Passou um funcionário e perguntou-se se queria um café. Sim, se faz-favor. Voltei para o iPad. Onde só vi nesse dia uma foto de Nick Wooster com mochila. Um dia volto a isto. 

Cheguei ao Oporto e arranquei para Braga. Não pisei apenas o chão do Oporto do caminho da carrugem ao carro que me esperava. No banco de trás tentei ler umas páginas da biografia. mas perdi-me em memórias quando devia ler as do outros. O espaço do norte passava pelo lado de fora da janela. Não me consigo recordar do dia. Nunca sei se isso é bom ou mau.

Voltei noite larga para o Oporto. Directo do carro que me trouxe para um restaurante e para uma mesa onde estava o meu lugar. Um velho conhecido meu. Um tipo com um ego e auto-confiança descomunal. Um ano mais velho que eu. Simpatiza comigo. Rolex no pulso direito. E foi por utilizar no pulso direito que falámos pela primeira vez. Como esses tópicos estúpidos quando conhecemos alguém. Porque é que usas nesse pulso? eu uso neste. É um tópico tão bom como hoje está calor. Nunca usa gravata. O jantar correu com duas garrafas abertas. Raios parta.

O Oporto é fixe. E giro. E à noite ainda mais. Sentado no lugar do pendura, no seu BM, atravessámos a cidade. Ainda não te vou levar ao Hotel, quero mostrar-te os meus quadros novos, disse-me. Tem tantos meses em Portugal como lá fora. Todos os anos faz a sua peregrinação a Paris, Londres e Nova Iorque. Um tipo tem que simplesmente lá ir, diz-me. Invejo-o. Entrámos na sua casa desenhada por um arquitecto a pedido.  Quando lá fui pela primeira vez disse-me que queria isto e aquilo. Mas a tipa - a arquitecta - dizia que não era possível. Mas possível foi enrolarem-se e terem ido até às ilhas gregas, o que atrasou a construção da sua casa.

Solteiro há largos anos depois de um casamento quase na juventude - a tesão da paixão que confunde algumas coisas, foi o mais longe que me disse - vive pelas suas regras. Mas todos têm uma espécie de kryptonite. A dele não é as miúdas belíssimas que conhece e se enamora sem se prender. Pelo menos é o que me diz a irmã. Também ela lindíssima. Mas que usa o relógio no pulso esquerdo. 

Quando ele vai lá dentro aproveito e ligo para Lisboa. Sem noção das horas acordei-a. Desculpa, digo. Não faz mal diz ela, com voz de sono. Conto-lhe os últimas horas. Manda-lhe cumprimentos, diz-me ela. Ok, eu entrego-lhe. Olha, diz-me ela. Sim? Ele como nós, anda tudo ao mesmo, diz-me. Essa frase é minha. Eu sei, beijos. Beijos.

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