quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sartre Não Queria Era Ficar Gordo

É ele que o escreve. E o que contraria esta mania de intelectuais descurarem o fútil, tornando-se assim eles próprios fúteis ao contrario.

A meio da tarde deixei a toalha junto ao mar e vim para a esplanada. Deixei para trás também o livro. Sentei-me e pedi um café - continuo a precisar de no mínimo dois diários - e uma Friz Limão. Na mesa ao meu lado o cúmulo da coincidência. Um tipo de camisa de padrões e um pequeno bigode lia o mesmo livro que eu. Não lhe via os olhos escondidos por uns Super. Estava acompanhado por uma rapariga de cabelos louros que lia uma Vogue. Também ela escondida por uns Prada. Dissimulada por uma túnica branca.

Voltei para a toalha. Voltei a ir a banhos. Ao lado de duas mulheres que discutiam os melhores tratamentos para a pele e para o envelhecimento. Discutiam os dotes mágicos de uns médicos. Vozes de 50 anos. Corpos de 40 com mamas de 20.  E Sartre e Beauvoir?  A relação deles desperta-me curiosidade. Principalmente a preocupação dele em não engordar. Decerto não lhe era para agradar a Beauvoir, pois acreditava na liberdade suprema.  No cativeiro durante a Segunda Guerra praticou boxe e luta livre. A preocupação pelo físico novamente. Tal como o escrevia. "O Ser E O Nada" o primeiro  livro que me fez pensar directamente nas relações humana. Mas e Zizek? O que pensaria ele dessa necessidade ou preocupação em não engordar? Ele que é gordo. Ele que a sua teoria da realidade virtual tem amplos seguidores.

E ali estava eu. No Sul. Em Lagos. Rodeado de mulheres e homens que iam também a banhos. Elas de bikinis e tribikis. Eles de calções às riscas. Corpos bronzeados.  O tipo da esplanada e miúda entram na água também. O bikini dela é reduzidos. Os calções dele ficam cuidadosamente acima do joelho. Ela tem uma pequena tatuagem no o,bro. Ele tem o antebraço esquerdo tatuado.

Mergulhei.

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