domingo, 29 de setembro de 2013

Gostar é

Ver muito para além daquela camada de pele que nos cobre o corpo. Os músculos, a gordura e os ossos. Aqui nos têm! Desprovidos de qualquer máscara que criamos no dia-a-dia. Somos agora um ser frágil que espera aceitação. A luz continua acesa. E o interruptor está tão perto. Mas a mão continua em baixo. Dança ali naquela zona das ancas sem saber o que fazer.

Gostar é mais que tirar a roupa. Ouvir o doce embalar de uma qualquer voz. Ou a ponta do nariz naquele momento em que se está a falar. Tudo conta quando nada interessa. O conjunto é indissociável das partes e as partes só são notadas no todo.

É uma realidade tão exposta quanto aquilo que somos. Nós, ali, sob a luz que nos ilumina todos os defeitos. As marcas de nascença. Os sinais e as cicatrizes feitas quando crescíamos. Os cabelos em desalinho. É mostrar o corpo mostrando tudo. Num gesto desprovido de qualquer sensualidade. Abrir a porta de uma intimidade imaterial e não esconder nada.

Porque gostar não se consegue com camadas entre a pele de quem se gosta. Porque gostar é simples quando é real. Porque gostar é partilhar o toque, e o o toque é calor, e o calor é paixão, e a paixão é tesão, e a tesão é nua. Porque gostar é mandar abaixo as barreiras que nos criam e correr até aos lábios de quem nos espera. Sentir uns braços em roda do nosso pescoço enquanto afundamos o rosto num pescoço que alberga o melhor cheiro que já sentimos.

4 comentários:

ovelha negra disse...

olha... não dou 5, mas infinitas estrelas! é mesmo isto!

E disse...

Dás as que entenderes dar pelo teu cirtário. mas aobrigado. Mas uma e ficava contente.

Mafalda Beirão disse...

Ai... Dói no coração. Dói.

E disse...

Só dói porque vivemos. E mais vale doer que continuarmos anestesiados, não achas?