terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Rapariga Do Alfa

Tem óculos de sol castanhos Prada. Em cima da prateleira do seu banco a Vogue ao lado da Visão. Vê um qualquer filme pelo iPad. Falou com o seu namorado pelo iPhone. Depois voltou ao filme - ou serie, tanto pode ser uma coisa como outra. Ao seu lado repousa a mala Carolina Herrera. As pernas estão envolvidas numas calças de pele pretas, justas como legguins, enfiadas numas botas motoqueiro também pretas com fivelas douradas a combinar com a cor da camisola e da mala. Quando voltou a atender o iPhone falou que tem tempo para decidir. 

Mais que as marcas que tem consigo, o maior luxo é este: tempo. Decidir o que quer. O que pretende. Para onde vai. Neste momento desce Portugal de norte para sul. Deixou o Porto e talvez também venha para Lisboa. Ficará por lá? Ou seguirá para a portela para no aivão se fazer transportar a Londres, Paris, Nova Iorque ou Berlin? Continuará a desfrutar desse seu luxo, o tempo para decidir. 

Julgamos todas as pessoas que se cruzam connosco. Tenham elas marcas ou não. Ignoramos que as pessoas são em si mesmo uma marca. São o personal brand. Ou deveria ser. Ou, ainda, tentam ser. Mas todas, sem excepção, querem algo. Ou alguma coisa. Uns tem tempo para ir atrás. Ou têm tempo para decidir. Esse luxo. Tempo. 

2 comentários:

Silvia disse...

"We know the price of everything and the value of nothing"

E disse...

Exactamente.