A
última vez que vi a Filipa tinha regressado apenas há umas semanas. Encontrei-a
na rua. Dissemos um olá que ambos esperámos que fosse rápido. Fizemos conversa
de cirscunstância. Perguntei por aqueles que sabia que lhe eram próximos. Que
lhe tinham sido próximos há 6 anos. Não sabia deles. A Carla, que era a sua
melhor amiga, estava junta com um namorado, achava ela. E eu tinha sabido por o
Duarte dias antes que era verdade. E fiquei na frente dela a sorrir sem
palavras. A Filipa que era a melhor amiga da Carla não saibia desta nem quem
era o namorado com quem ela agora vivia. As pessoas aproximam-se e afastam-se.
As pessoas como que se consomem. Consomem-se umas das outras. E quando estão
fartas afastam-se e vão à procura de outras pessoas. Para as consumir. Para
fazer parte da vida dessas pessoas apenas enquanto o prazo de validade for
susceptível de manutenção.
Nesse
dia quando cheguei a casa corri seis anos em walls de Facebook. Vi amigos
tornarem-se conhecidos. Conhecidos a que tiveram direito apenas à palavra de
parabéns no aniversário. Vi os novos amigos. Quem eram. De onde vinham. Ali,
no ecrãn do meu computador, no recanto do meu quarto, do quarto da casa dos
meus pais que tinha deixado há 6 anos, tornei-me o voyeur.
Observei-os a todos. Todos aqueles que sabia o nome e me tinham consumido. E eu a eles. Sem sabermos. Sem nos darmos conta. Um canibalismo social. Aceite por todos.
2 comentários:
Mesmo.. E o mais estranho é que muitas das vezes nem temos justificação para esses afastamentos...
Apenas acontecem, não é?!
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