quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Uma Certa Inocência

Descubro facilmente Chloe. Está sentada de costas para o café, viranda para a estrada. À mesa, com ela, apenas uma outra rapariga que não conheço. Ela fuma um cigarrro que tem na mão direita. O cabelo cai-lhe para o rosto. Saltam os olhos pintados de escuro. Enquanto ouve o que a outra rapariga diz mantém a boca entreaberta, dando uma pequena liberdade aos seus dois dentes da frente e à quase inexistente separação. Quando já estávamos juntos via-a um dia a olhar com atenção para os seus dentes. Praguejava enquanto sorria. Perguntei se os incomodava. Ela disse que sim e que não, e o que eu achava? Eu disse que gostava. Era como um sinal que ela era ela. Aproximou-se de mim e enrolou-se no meu corpo e disse-me ao ouvido que os odiava, mas que sabia que tinham um certo efeito Lola, como no livro. Quando lhe disse que a imagem de Shelley Winters não era assim, sibilou-me ao ouvido que eram apenas pormenores. 

Sem comentários: