quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Excerto - O Primeiro Trabalho

A faculdade era o ponto intermédio destes dois mundo. Aquele onde vivia e o que lia e folheava. Os anos iam passando mas era ainda um estranho. Alguém que tinha vindo de fora e provavelmente iria voltar após o curso. Eles e elas, perfeitos e perfeitas nas suas roupas e pronúncias da capital – que no fundo é a ausência de qualquer pronúncia. Agrupavam-se entre eles como a garantir a descendência da espécie, de uma linhagem de seres perfeitos e  melenas bem cortadas. Comiam-se e fodiam-se em regime de exclusividade cheia de excepções. Pois rodavam entre eles como uma garrafa de vinho aberta durante um jantar. Os seus corpos eram para consumo interno. Depois de se terem dado em verões já antigos aos de fora. Boas meninas e bons meninos eram agora sarcásticos seres de sorrisos cínicos. A minha forma de me vingar – e ambicionar pertencer ao grupo – era ser melhor que eles. Desejamos constantemente aquilo que não somos e odiamos. E era fácil. Era o melhor. Do meu ano. Do meu curso. Onde isso me iria levar? A um bom emprego com um bom salário. Esperava confiante. Esperava com a arrogância das notas, teria a minha vingança. E levou-me. Ao segundo currículo fui chamado para um trabalho em part-time enquanto terminava o curso. Seria admitido no banco e ficaria na equipa que gere o edifício da sede. Tinha apresentação. Sabia falar várias línguas. Várias competências e qualidade para um trabalho que não exigia metade. Mas os benefícios são óptimos, empresa de renome, progressão na carreira, cuidados de saúde pelos descontos correctos. Aceitei. Afinal não me levou muito longe o facto de ser o melhor. Merda!

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