quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Barbeiro do Chiado

Cortar o cabelo não é apenas o acto de tornar o cabelo mais curto. Ou com outro jeito. Ou com outro formato. É uma certa actividade. Diz muito de uma pessoa a quem se entrega a cabeça para cortar o cabelo. E um barbeiro é, muito provavelmente, o último clube informal de homens. Jornais da bola, revistas de gajas meio despidas. Aquele cheiro a colónia nas paredes.
 
Por esse mundo nascem barbearias novas. Espaços modernos e arejados. paredes com madeiras claras e espelhos reluzentes. cadeiras de cabedal.Lâminas afiadas e revitalizam-se cortes esquecidos dos velhos. Dão-se os rostos para fazer a barba à navalha.
 
A semana passada entrei para o corte mensal. Empurrei a porta que, inchada, arrasta pelo chão. Sentei-me na cadeira de todos os meses.O meu barbeiro, de tatuagens e calças A.P.C., sabe o que tem a fazer. Como um arte antiga quando ele é novo. Falamos de livros. Do chiado e das miúdas giras das collants opacas que alternam na semana os saltos altos com os vans. Corajoso disse, hoje queria fazer a barba. 
 
 Estes espaços, lá fora, existem, cá, hão-de chegar. O meu barbeiro das tatuagens terá espaços. Talvez como estes

Sem comentários: