terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Quase Um Ano Depois


Começa hoje um julgamento, como muitos. Mas no de hoje estará sentado no banco dos réus quem levou um amigo meu. O Pedro espera justiça. Os pais esperam justiça. Sendo que nenhuma será suficiente. A justiça dos Homens pecará sempre por defeito. Não defendo nem acredito na pena capital. Fazes em vida, pagas em vida. Mesmo que isso seja insuficiente. E hoje será insuficiente. Amanhã será insuficiente. Uma vida não tem preço. Porque uma vida alberga demasiadas memórias, demasiados sentimentos para se colocar um valor. Um número sobre aquilo que agora é apenas fotografias guardadas.
 
O Pedro tirou o mesmo curso que eu. E no fim, tal como eu, entristeceu-se com a justiça. Não quisemos advogar. E hoje, a sua última defesa assenta nas mãos de alguém que representa aquilo que não quisemos ser. A vida é irónica. Além de injusta, por vezes.
 
Hoje começa o julgamento que colocará, ainda que frágil, um ponto final de uma dor. Mas as saudades não se vão embora. Apenas aumentam. Lembro-me do Pedro sempre que olho para as ondas que nunca vamos apanhar. Sempre que pedalo. Quando entro na Box para praticar Crossfit. Quando os três que restam nos juntamos à mesa e falta um. A ausência não se dissolve. Apenas se torna mais notada.
 
Pedro,
Até um dia.
 
 

4 comentários:

Mafalda Beirão disse...

Nada trás o(s) Pedro(s) de volta. Mas só o facto de sabermos que poderá haver justiça sob quem os tirou de nós... Já é um alento.

Um grande beijinho hoje! *

Kapu disse...

Não vão embora as saudades e não vai embora a dor. Seja qual for o resultado do julgamento.

Um abraço neste dia em que até os céus choram pelo teu amigo companheiro...

CAP CRÉUS disse...

Um abraço!

E disse...

Obrigado.