terça-feira, 18 de março de 2014

As Relações Das Letras Pequeninas

A corte é o engano. Uma relação é um passeio sobre o desconhecido de um corpo, uma mente que não é a nossa. Uma relação é um contrato. Quer se queira quer não se queira. Uma relação assenta sempre num compromisso. E compromissos são fodidos. Porque tudo o que nos compromete coloca-nos à prova. Somos presos de algo em que, por nossa vontade, nos metemos. O que torna tudo ainda mais lixado. Mas existe sempre o outro lado. O lado fantástico. O lado de torradas partilhadas pela manhã numa cozinha solarenga num sábado. Os duches em conjunto numa casa-de-banho com o perfume de um ao lado do do outro.

E o tempo torna tudo maior. Mais intenso. Mais real. Mais difícil. Sim, difícil. Porque como relação, como contrato, como compromisso, temos as cláusulas principais. Que são o corpo. O feitio base. A simpatia, o mau feitio. A sorriso. O som da voz. Um gosta de rock o outro de Pop. E sobre isto assenta o equilíbrio. Mas o tempo, o tempo, o inimigo mortal de tudo. Do nosso corpo, torna-nos mais velhos, torna-nos mortais. E mata relações. Revoga contratos. Surgem as letras pequeninas que ninguém mostra. Só o tempo as mostra. Os preconceitos. Os amuos. Tudo aquilo que nos torna humanos diferentes de todos. São as letras pequeninas do nosso ADN.

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