Estou a ler "Os Interessantes". Acompanha a vida de uns quantos adolescentes até se tornarem jovens adultos. Contingências das suas vidas fez com que se tornassem amigos na infância. E todos pertenciam a mundos diferentes. Das artes. De muito dinheiro. Sem dinheiro. De lares partidos. Nova Iorque - sempre ela - é o cenário. Dos anos 70 aos 80. A violência da cidade. O Central Park. Mas, a cidade não é personagem. Os adolescentes são.
Há uma altura em que uma das personagens mais intingrantes, uma miúda sem nada, órfã de pai, torna-se, contra todas as expetativas, a melhor amiga da miúda de boas famílias que tem tudo. Talento. Dinheiro. Uma família aparentemente perfeita. Mora em Park Avenue. Mas aquela rapariga, em joven adulta, repara que o que as une apenas é apenas e só quase uma amizade etérea. Sem nada que as ligue. Não há interesses comuns. Não há uma linha de vida sequer que seja igual. Ela mora num apartamento merdoso com os canos sempre por arranjar. É casada com um tipo que é bom para ela mas não tem qualquer tipo de sucesso. Tem problemas de saúde que o faz estar sempre agarrado a comprimidos. Enquanto a sua amiga tem reconhecimento e sucesso mais o seu marido. Ganham imenso e vivem em casas abastadas. Viajam para onde e como querem.
Quando entrei para a faculdade era igual a todos os meus colegas. Todos tínhamos sonhos e expetativas. O futuro ainda vinha lá longe. Agora, anos passados, quando nos encontramos somos reflexo daquilo. Uns moram no centro da cidade. Em bons apartamento com crédito concedido através de bons empregos. São pequenos burgueses com filhos com roupinhas de marca que se encontram aos domingos para café e bolinhos nas padarias da moda. Outros vivem na periferia vestem fatos baratos e gastam metade da vida nos transportes ocupando-se a lerem os jornais diários gratuitos que estão nas estações.
E isto, faz-me tudo pensar na pergunta para um milhão de euros: o que se faria com um prémio de euromilhões chorudo? Há quem não aparecesse mais no trabalho. Fosse fazer aquilo que sempre quiseram fazer. Mas numa vida em que somos obrigados a fazer o que temos de fazer para recebermos um ordenado (quantos, mas quantos fazem exatamento aquilo que gostam, ou numa reformulação mais correta, fazem aquilo que fariam se não o tivessem de fazer?). Eu, na minha cabeça, enquanto penso nisso, é que há prémios life improvement ou improvement. E, por vezes, a ânsia de mudar de vida, de sermos um reflexo verdadeiro hoje do que se pensou ser quando se era adolescente, faz confundir-se um prémio com o outro.
E isto, faz-me tudo pensar na pergunta para um milhão de euros: o que se faria com um prémio de euromilhões chorudo? Há quem não aparecesse mais no trabalho. Fosse fazer aquilo que sempre quiseram fazer. Mas numa vida em que somos obrigados a fazer o que temos de fazer para recebermos um ordenado (quantos, mas quantos fazem exatamento aquilo que gostam, ou numa reformulação mais correta, fazem aquilo que fariam se não o tivessem de fazer?). Eu, na minha cabeça, enquanto penso nisso, é que há prémios life improvement ou improvement. E, por vezes, a ânsia de mudar de vida, de sermos um reflexo verdadeiro hoje do que se pensou ser quando se era adolescente, faz confundir-se um prémio com o outro.
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