Dizem que sou a merda de um arrogante

Um prepotente. Que não sei falar a sério. Que quando estou chateado o meu rosto não esconde nem um pouco. Que quando não estou a gostar de alguma coisa perguntarem-me como estou é fazerem uma pergunta retórica. E que, acima de tudo, não sei qual o limite onde a brincadeira deve acabar. Ela diz-me muitas vezes que nunca cresci. Tudo pode ser verdade.

Mas acima de tudo, sou um tipo que acredita. Porra, acredito. Foda-se, acredito! Se não acreditasse não me levantava da cama. Acreditei que conseguia entrar para a equipa. Posso não ter sido jogador de futebol, mas acreditei que um dia ia jogar e joguei. Um dia acreditei que iria ter a miúda mais gira, e consegui, todos os dias sinto os seus lábios. Um dia acreditei que iria escrever e consegui. Bem, escrevo aqui. Mas, e depois? O miúdo tem razão. A vida já é uma merda. É difícil. É fodida, é lixada. Por vezes dá-nos vontade de gritar palavrões até a voz nos faltar. Andar aqui é uma injustiça. Mas, é como ele diz: Se Jordan tivesse desistido? Não havia aqueles momentos memoráveis de basquetebol e eu não tinha tido o meus Air Jordan. Se Obama tivesse medo do estigma de ser preto? Se Harvey Milk não lutasse pelos seus direito? Se Ali não quisesse lutar mais? 

Isto é difícil. Eu sei que é. Todos os dias são difíceis. Todos temos queixas. Mas aquelas crianças que têm cancro e poucas hipóteses de viver? De conhecer locais distantes, de conhecer o amor fisíco, de conhecer o gosto de ganhar rugas. 

Há aquele chavão, todos estamos vivos mas poucos vivem. Pois, agora:

   

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