terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Vamos mudar lisboa?

Esquecer à partida o problema orçamento. Mas focar antes na simbiose entre a cidade e quem nelas vive. Mudar Lisboa com tantos pequenos gestos. Pequenos gastos, também. Colocar Lisboa onde merece. Pensar a cidade para quem vive na cidade. Pensar na cidade para quem a vem ver. Seduzir para quem nela queria viver. Não é só prédios e ruas bonitas. É a harmonia das pessoas em espaços comuns. Lisboa como capital do civismo.

Temos sol mais de metade do ano. Na outra metade não chove. As condições atmosféricas para nos fazermos transportar de bicicleta são boas. Há a questão das colinas, mas são apenas uma desculpa. A desculpa mais séria é a inexistências de ciclovias ou ciclovias pensadas para a bicicleta como meio de transporte. Aqui pensar Lisboa para quem nela vive: ciclovias eficientes, utilizáveis.

Na estrada circularmos pela direita. Nas escadas rolantes deveria imperar a mesma lógica. Espaço vazio na esquerda para as ultrapassagens para quem tem pressa. A mesma lógica para a estrada que não é locais de uso exclusivo de carros. Existem motos, bicicletas, autocarros, táxis. Todos têm o mesmo direito à circulação segura e respeito pelo outro.

O metro cobre toda a zona central. De uma ponta a outra da cidade é bem possível ter de mudar pelo menos uma vez de linha. Pode demorar algum tempo. Mas existe cobertura. Não são os parquímetros mais caros a solução, mas uma política atenta de desencorajamento ao estacionamento de segunda fila. Ao estacionamento nos passeios. Mas esta realidade tout court iria falhar. Primeiro criar alternativas para aquelas paragens momentâneas com zonas próprias nas avenidas que interessem. Que não é o mesmo que dizer nas principais avenidas e ruas. Pensar sempre na lógica do utilizador. Se houve alguma dificuldade em entender este princípio ler a biografia do Steve Jobs.

O metro apesar de cobrir toda a zona central não é o transporte mais comodo. Há partilha do espaço com o outro. A zona das portas não é zona de convívio. Existe todo um corredor a preencher quando não há mais lugares sentados.

Existe fumadores. Como existirão e vão sempre existir. Não é por haver caça à bruxas que os cigarros vão acabar. Não é com o aumento sistemático do preço do tabaco que deixarão de existir fumadores. Isso é lá com cada uma. Cada um sabe o que mete na boca. Logo vão haver sempre beatas. Cada edifício aberto ao público deveria ter a preocupação com a realidade: as pessoas fazem pausas para fumar. Onde põem a beata? Aqueles cilindros pretos ou prateados de alumio são feios, inestéticos e cumprem a função só paras os cigarros da manhã. Ficam cheios rapidamente. A lição está com os países nórdicos. O design ao serviço das pessoas, o que implica objectos uteis e funcionais que sejam simultaneamente bonitos. Esquecer um pouco o ADN do desenrascanço.

Voltamos ao sol. E também aos dias sem chuva. Parques e praças no centro da cidade convidam ao desfrutar dos mesmos. Cadeias de fast-food (e as slood food, os nórdicos mais uma vez na frente da corrida) servem para levar. E levar para os parques e praças seria uma alternativa que criava vida. Porque esta só existe com as pessoas. E as pessoas só lá estão se houver condições. Dois ou três bancos para sentar os casais de namorados são manifestamente insuficientes.

Jardim da Estrela. Parque Eduardo VII. Monsanto. Parque da Bela Vista. Estádio Universitário. Jamor. Não deveriam ter sinais de proibido fumar? E uma política de cumprimento da medida?

Mais uma vez o sol. E aos dias sem chuva. Um dos povos mais consumidores de café. Café líquido castanho e café sítio, estabelecimento. E qualquer um tem a sua esplanada. Desorganizada. Algumas ocupam a totalidade do passeio. Não é dizer como elas devem estar organizadas. Qual o conjunto de mesas e cadeiras devem ter. Mas estabelecer directivas para que haja harmonia e respeito pelos ocupantes pedonais. Para que haja um mínimo de sentido estético nas ruas.

Continuamos na rua. Cada uma tem postes de iluminação. Alguns têm baldes de lixo (talvez sejam poucos). E em cada balde do lixo poderia haver um dispensador de sacos para os dejectos caninos. Porque vão continuar a haver cães. Porque nem todos levam donos pela trela conscientes. Uma política de incentivo.

Voltamos aos jardins na companhia dos cães. Onde tabuletas com proibido pisar a relva são obsoletos. A relva é para se desfrutar. Brincar com os cães. Com os amigos. Para os amassos com quem se gosta. No Central Park há um recinto onde os levar os cães. As boas ideias são sempre de importar.

2 comentários:

Mary Jane disse...

Gosto de Lisboa. E gosto da capacidade de quem sabe fazer da sua cidade efectivamente sua. Ainda que Lisboa seja uma cidade à qual fui sempre durante breves estadias e não consiga ver tudo o que descreves, vejo que com intervenção assim Lisboa não dorme na sombra porque há quem a viva.

E disse...

Nao tenho a pretensão de achar que as minhas ideias são as melhores, mas acredito que a cidade é tem um produto. E como produto tem de ser pensado na perspectiva do consumidor. E tem de ser pensada numa perspectiva de encontrar soluções eficientes e nao remendos