sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A faux pas em plena Luz do dia



Há uma transformação em Lisboa em certos dias. Principalmente quando o sol brilha. Subi até aos Armazéns para café. Pedi em copo de plástico para ficar à entrada com uma mão no bolso do casaco e a outra no café. Bebi em goles pequenos. Ali encostado ao lado direito. Entre anónimos e concorrentes da Casa dos Segredos. Miúdas giras e tipos com pinta. Pessoas com sacos de lojas. Mas as lojas não estão cheias e há mais pessoas e menos sacos. Ali em baixo pedem dinheiro para cerveja, para cigarros e para a ressaca. Mas pedem € 200 euros por fotografias e vêm as notícias num iPad. Assim vai Lisboa. Principalmente nestes dias em que o sol brilha. Nestes dias em que já cheira a enfartamento do Inverno e elas continuam a usar botas pelo meio da canela. Pretas ou castanhas. Com pecinhas douradas e tachas. Acabei o café e com tempo ainda para gastar subi a rua Garrett. Um tipo com um fato macaco com padrões a lembrar uns que são tendências toca saxofone. Como se tudo isto fosse escrito por Murakami com Jazz no ar. Mas os padrões são uma realidade. Esfuma-se o camuflado, nasce um que não sei o nome. Cheguei ao Largo de Camões e sento-me num banco de pedra. Sozinho apenas por uns segundos. Uma menina senta-se com a mãe no mesmo banco. "O que estás a ouvir?", pergunta-me a menina. Faço pausa da música para conseguir perceber o que me disse. Ela repete a pergunta de novo. Estendo-lhe os auriculares. Daqueles que tapam a orelha. São grandes demais para ela. Baixo o volume e carrego play. Toca Blur e "Parklife".

4 comentários:

Silvia disse...

Well it was a pretty good song!

E disse...

It is, it still is :)

Mary Jane disse...

Aqui onde geralmente o céu é cinzento hoje o sol brilhou, mas esteve pouco aprazível para passeios. E essa foi das zonas por onde gostei mais de me passear da última vez que estive em Lisboa. Pelo colorido precisamente. Pela cena de filme que poderia estar a ser escrita pelo nosso argumentista favorito...

E disse...

Não és de Lisboa? Julguei que o fosses. Eu trabalho e vivo aqui perto. e gosto.