sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Cosmopolice Boémia em pleno Chiado


Sair do edifício para beber do café a meio da manhã é perceber o Chiado. É preferível a meio da tarde. Quando há mais gente na rua. Há mais pessoas a subirem e a descerem a rua. Gosto de pedir o café em copos de plástico, colocar os auscultadores e ficar na rua. Por vezes ando pelas ruas depois do café. À minha roda famosos das revistas e anónimos passeiam também. Todos bem vestidos a arrumadinhos. Quase todos parecem artistas. Daqueles que trabalham em ateliers enquanto eu trabalho com o meu fato cinzento num escritório. Sinto-me um bocado deslocado. Mas continuo a gostar deste sítio. As miúdas são tendências de giras. Os tipos são cool de pintas. Há pessoas que sobem as ruas com as bicicletas coloridas pelas mãos. É difícil pedalar nestas colinas. Há tipos e miúdas com tatuagens coloridas. Cachecóis de padrões enrolados no pescoço. O Chiado de Eça passou a ser o Chiado de indigentes e agora passou a ser o chiado chic e boémio.

As casas ficaram mais caras. Águas furtadas são lofts com charme. Prédios antigos são prédios com história. Conheço quem veio viver para o Chiado. Depois fugiu do Chiado. Das noite cheias. Do álcool livre e madrugadas claras. Fugiram para o outro centro dentro do centro de Lisboa condenando o Chiado à passerelle dos famosos das revistas e anónimos comigo lá no meio. Eu gosto de trabalhar no Chiado. Gosto de vir visitar o chiado como civil. Mas não gosto de murar no chiado. Gosto da minha subúrbia a uns quilómetros de bicicleta.

Andar pelo Chiado é descer a Rua do Carmo até à entrada da Rua Augusta. Entrar na baixa e seguir até ao rio. Voltar para trás e contornar até encontrar a subida da Rua Nova do Almada. Chegar onde desemboca a Rua Garrett e os Armazéns engolem os putos que comem no MacDonalds. Subir até ao Largo de Camões. Passar pela Zara e pela Blanco que têm sempre clientes. Ver quem vê a montra da Tous. Lá em cima na esplanada do quiosque bebe-se café e fuma-se ao ar livre.

Todas as cidades têm o seu chiado. Este chama-se mesmo Chiado. O Brooklyn de Lisboa. Mas há quem contrarie e diga que é o Princípe Real. Que é uma outra zona qualquer. Mas o Chiado continua a ser o Chiado.  

6 comentários:

Silvia disse...

Fazemos as mesmas voltas pelo Chiado então. E nunca me canso. Qual será o canto encantado londrino? Hmmm...

Silvia disse...

Também não tenho paciência para o Princípe Real, ainda sou apanhada por algum paparazzi dos blogs de street style! :p upa upa

E disse...

Vantagens de trabalhar em pleno Chiado. De viver perto do Chiado. Ou desvantagens. Nunca sei. Tudo o que é demais enjoa? É o que dizem, pelo menos.

Eu gosto do Principe Real. o chato é que hoje Chiado = mainstream; Principe real = cool. Mas é no principe real que está a minha loja preferida.

Eu vejo imensos paparazzi desses. todos os dias. mas sou um john Doe, vivo bem no meio deles :) mas acho que por vezes eles podiam escolher um bocadinho melhor.

Silvia disse...

Podiam escolher beeeeeeeeeeeem melhor. Porque se vêem coisas bem interessantes (mesmo num mundo fashionista low cost como lhe chamas). Mas é o que vende I guess.
Tens que vestir os fatos todos, ao mesmo tempo. Then you would be caught! :p

E disse...

hahahah, onde leste essa minha frase?? Nem sabes os mails que recebi a insultarem-me quando a escrevi pela primeira vez.

Eu não falo mal de outros blog. nem escrevo críticas e outros blogs. Principalmente os mais "estéticos" o gosto é com cada um. E eu não percebo nada de moda (sei de nome três tecidos e só hoje soube que isto das miúdas utilizarem o cabelo mais claro nas pontas se chama californianas). Mas... confude-se moda com bom gosto. Confunde-se excentricidade com originalidade. Hei, mas isso sou apenas eu.

Silvia disse...

Não, isso do cabelo chama-se falta de bom senso ou falta de dinheiro para ir fazer as raízes...
Eu não acho que seja preciso saber nomes, é preciso saber combinar ou descombinar, ter olho.