sábado, 2 de março de 2013

O Mundo



É diferente para cada pessoa. Como cada fotografia. Enquanto recordo Paris. Enquanto Recordo Nova Iorque lembro-me de algumas pessoas. Em Paris, junto ao Sena, um tipo bebia sozinho. Enrolado numa camisola cor de vinho não me via dentro do meu hoodie. Mas lá dentro os meus olhos viam cada gole que dava. Em Nova Iorque a miúda que alongava as pernas suadas depois da corrida no Central Park. Nuns calções Adidas pretos pequeninos que lhe mostravam as pernas.

Todos os dias olho-me ao espelho. Uma vezes sou eu. Outras uma qualquer personagem que acordou à mesma altura que eu e se vestiu. Por vezes não me importo. Umas vezes está de camisa, a versão recente. Outras de t-shirt. A versão do Verão. A porta da casa-de-banho aberta deixa entrar o cheiro dos lençóis que veio atrás. Aquele cheiro a cama, doce e quente. Cheira a desejo. Cheira a afectos. Ficam guardados na fronha da almoça para a próxima noite.  

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