sexta-feira, 29 de março de 2013

Um café pode ajudar na diferença

Sou um pessimista. Mas um daqueles que gostava de ser optimista. Fui para Direito porque Atticus, ainda que personagem, monstrou-me que a diferença não é justificação para tudo. A verdade é que o meu sonho de um mundo melhor é difícil. Mas talvez não impossível. Principalmente quando ainda há ajuda sem rosto. Onde o gesto de simpatia para com o próximo surge nas suas mais variadas formas. Cada um ajuda como quer. Como pode. Como acha que deve ser a sua contribuição.

Mas, e nisto eu acredito muito a sério. E o que acredito já me fez perder pessoas que chamava amigos. É tão simples quanto isto: eu tive sorte no nascimento. Nasci numa família que me deu tudo o que pode e achava que eu devia ter. Talvez coisas a mais. Também é verdade. Fizeram asneira. Mas no meio de tudo tive muita, muita sorte. Porque pude estudar, tive os meus ténis, tive as minhas bicicletas, tirei o meu curso, tive o meu carro. E infelizmente há muita gente que não teve essa mesma sorte. Por isso acho que é a minha obrigação dar um pouco. Um sorriso. Um abraço.

Nesta altura, em altura de Páscoa, que terá a importância consoante o credo de cada um, podemos sempre melhorar. Porque o credo não faz ninguém melhor pessoa. Mas pequenos gestos sim.


"O café pendente"

"Entramos num pequeno café, pedimos e sentámo-nos numa mesa. Logo entram duas pessoas:
- Cinco cafés. Dois são para nós e três "pendentes".
Pagam os cinco cafés, bebem seus dois e se vão. Pergunto:
- O que são esses “cafés pendentes”?
E me dizem:
- Espera e vai ver.
Logo vêm outras pessoas. Duas garotas pedem dois cafés - pagam normalmente. Depois de um tempo, vêm três advogados e pedem sete cafés:
- Três são para nós, e quatro “pendentes”.
Pagam por sete, tomam seus três e vão embora. Depois um rapaz pede dois cafés, bebe só um, mas paga pelos dois. Estamos sentados, conversamos e olhamos, através da porta aberta, a praça iluminada pelo sol em frente à cafetaria. De repente, aparece na porta, um homem com roupas baratas e pergunta em voz baixa:
- Vocês têm algum "café pendente"?
As pessoas pagam antecipadamente o café a alguém que não pode permitir-se ao luxo de uma xícara de café quente. Deixam também nos estabelecimentos, não só o café, mas também comida. Esse costume ultrapassou as fronteiras e difundiu-se em muitas cidades de todo o mundo."

4 comentários:

stiletto disse...

Nunca tinha ouvido falar em tal coisa mas parece-me uma óptima ideia.

E disse...

É uma excelente ideia

pipinhaeheh disse...

Isto faz-se mesmo em Portugal? Não sabia, mas é mesmo uma excelente ideia e deveria ser mais divulgado.

E disse...

Eu espero que sim. Hoje tive quase, quase, a ganhar coragem e a dizer que era um café pendente. Mas espero que haja quem tenha mais coragem que eu. Melhor, espero amanhã ganhar eu próprio coragem, Porque não basta divulgar, mas sim fazer.