segunda-feira, 22 de abril de 2013

Há que ter paciência e saber esperar.





Tinha 10 anos a primeira vez que senti o coração bater mais rápido por uma rapariga. Demorei outros 6 para sentir aquilo tudo de novo. E agora em grande escala. O coração parecia que me ia sair pela boca. Não conseguia pensar em nada de jeito em dizer. Sentia-me parvo. Na minha ingenuidade achava que aquilo seria para sempre. Todos os dias calçava os meus melhores ténis para a impressionar. Ajeitava o cabelo em todos os espelhos. Mas depois passou. Como apareceu, um dia acordamos de manhã e acabou tudo.

É preciso esperar. Ter paciência. Saber que ele há-de acontecer. Aquela pessoa vai aparecer. Mais cedo ou mais tarde. O importante é não criarmos expectativas. Quem as cria tem imensas relações. Quase todas falhadas. Quase todas infelizes. Quando ela aparece tenta-se criar uma relação. E isto é difícil. O amor não. Ou existe ou não. Não é pequeno nem grande. Simplesmente existe. Ama-se. Gosta-se. Quer-se. Deseja-se. E é bonito. Não se alimenta uma coisa que cresce por si só. Já as relações são diferentes. O amor não resiste a relações medíocres. A relações semi virtuais. Metade online, metade offline. Porque relações a sério não têm botão de off. Ou de mute. Ou uma ficha para tirar da corrente.

Há uns anos viajava de avião num banco de três lugares. Eu tinha ficado no banco do meio. Ela tinha ficado colocada noutro lugar. Desvantagens de não fazer o check-in online. Separamo-nos no corredor com um beijo e uma boa viagem. Sentei-me com o meu livro. Ela com o dela. Minutos depois chega um casal de idosos para se sentarem nos lugares ao pé de mim. Ele tinha o lugar da janela, ela o do corredor. Ele pede logo se eu me importava de trocar, até podia ficar com a janela. Ela diz logo para eu não me importar, que assim, durante o voo sempre ficavam um bocadinho separados, afinal já eram 56 anos juntos. Diz isto mas dá-lhe um beijo. Ele vira-se para mim e diz-me que já é tanto, mas tanto tempo, que nem sabe como era dantes. Se não tivesse as fotografias quando era miúdo não acreditava. Eu fiquei à janela e eles ficaram lado a lado. Em silêncio e de mãos dadas.

6 comentários:

Sue disse...

Um dia seremos nós a ir no avião de mão dada :)

E disse...

E nunca num cruzeiro!

Anónimo disse...

vocês São demais :-)

p.s: sinto que andas a escrever com outra força. uma vibe bem mais confiante e menos reprimida. só pode ser da musa :-)

Cinderela disse...

E é por estas coisas que adoro o teu blog. Simplesmente delicioso! :)

E disse...

:)

E disse...

Obrigado :)