sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Guerra dos Hipsters



O New York Times publicou anteontem um artigo. A Brooklyn Magazine publicou ontem um outro a mandar vir com o primeiro. Em causa como os verdadeiros "brooklynites" se sentiram ofendidos. Porque há mais vida para além das flanelas, das barbas, das tatuagens, dos vegetais orgânicos. Nos comentários aos dois artigos entusiastas, ofendidos, defensores, todos misturados e ao molhe, atacamindiscriminadamente.

Hipsters, essa gente irónica. Hipsters, essa gente gozada por toda a gente. Hipsters, esse gente que está em todo o lado mas ninguém admite. Que não são mais que a pequena vingança de Brooklyn a Manhattan.

Brooklyn outrora foi uma cidade independente de Nova Iorque. Depois foi agregada, ainda que seja um dos boroughs mais populosos. Manhattan era onde tudo acontecia. Presente no cinema e na literatura. Brooklyn tentava não cair no esquecimento. Manhattan a capital do mundo. Brooklyn o outro lado da ponte, do famoso L train. Manhattan teve John dos Passos. Teve Woody Allen. Brooklyn tentou fazer frente com Hubert Selby, Jr e com Paul Auster. Manhattan teve American Phsycho, Brooklyn, parece, agora tem o American Farmer, o novo sonho americano.

Piadas à parte, Brooklyn retira o algum dos protagonismo a Manhattan. E isso deve ser lixado. Mais ainda se os personagens do Super Mario fossem Hipters?

6 comentários:

o mesmo de sempre. disse...

http://www.youtube.com/watch?v=LDtf0uIUPuE&feature=player_embedded

brother nao sei se conheces, mas quando tiveres 20 minutos checka esse video (e os outros todos), sobre real people e real scenes.
nesse caso , falam de NYC, Arte, Brooklyn, e o facto de que o fenómeno "hipster" ou moda de NYC/Brooklyn ser devido ao facto das influencias da tc e cinema estarem em voga. secalhar smepre estiveram, mas como em certa altura se diz no doc, ás vezes as pessoas vao lá(ou para lá) em busca do sexo e da cidade, do gossip, e das tshirts obey e supreme. como que fosse uma revolta dos que realmente "sentem" a diferença. mas isso nunca será palpável. afinal se os pintores podem e sao influenciados por tudo, porque nao o comum dos mortais poderá ser?afinal..até que ponto o "genuino" é realmente visivel?.. nao se podem debater de forma simples todos os predicados do que é e do que não é. Agora, pessoalmente acredito que na realidade,no dia a dia se veja a diferença. e as pessoas simplesmente"apresentam-se".. se forem a NYC e trouxeres fotos de michael kors, lojas, ténis, moda e prédios és uma coisa, se trouxeres pessoas, historias e aventuras és outra. penso eu que é do mais proximo que temos para ter alguma certeza. como se houvesse subclasses.. tal como entendo quem sempre foi de lá, que sempre foi para lá porque era barato e era dificil manhattan. e agora, todos querem ter barba grande,bicicletas antigas, e ter o look "do bairro".. mas porque é fixe. até que ponto é real o real?
imagina, que agora todos os lisboetas descobriam o espirito da nossa margem sul, como seria?..o que pensavas?..
pergunta: concordas que nao deva haver um "time out margem sul"?..eu defendo que ainda bem que nao há. porque o unico é efectivamente(no máximo) conhecido e sentido por poucos. tal como as musicas espetaculares e fantasticas que quando todos a sabem perdem(efectivamente) o peso da obra em si.
se assim fosse, todas as cópias perfeitas de todos os quadros, eram igualmente perfeitas, e não são porque não são a tal. (tal como as mulheres).

a unica coisa que dá para todos é o Benfica.
(depois espreita uma dissertaçao que vi num blog, repostei no meu blog)..fiz ainda leve cronica..

abraço
ver se combinamos alguma coisa

E disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
E disse...

Tocas em coisas muito certas e pertinentes. Principalmente quando dizes que se os "artistas" sofrem influencia, porque nao podem as pessoas "normais" sofrer?

Mas, de facto, acho que tudo tem a ver com o genuíno. O que sentes quando fazes. E isso por vezes transparece, outras nao. Acho que este assunto nunca vai ter consensos. Mas na génese há má necessidade de pertença, e isso faz os grupos.

CatParkinson disse...

Este tema sempre me fascinou. Intriga-me confesso. Porque para mim é muito contraditorio de facto. É como a marca Urban Outfitters, que teve na sua origem um espirito genuíno de independência e contra corrente, mas que hoje em dia é um hipster heaven e vende o look massificado e pronto a consumir. Ou como a Supreme que, passados 20 anos de existência e de um culto fiel mas low key, decidiu (agora com a explosão de todos os colectivos de hip hop, sendo que uns sempre usaram a marca por se identificar com o lifestyle deles - skaters, ou porque é cool usar)entrar numa batalha juridica com outra marca (Married to the Mob) acusando-a de cópia, quando eles próprios basearam o logo numa outra artista contemporânea (Barbara Kruger, que nunca foi pedir royalties a ninguem.)

Não sei se me faço entender, mas para mim todos estes episódios são reflexo desta controvérsia toda que há a volta do hipster. É praticamente impossivel definir o que é Hipster, mas todos podemos concordar que hoje em dia tem uma conotação negativa. A primeira definição de hipster que li e me chamou a atenção foi por acaso também num artigo do New York Times: "Hipsters are the friends who sneer when you cop to liking Coldplay. They're the people who wear t-shirts silk-screened with quotes from movies you've never heard of and the only ones in America who still think Pabst Blue Ribbon is a good beer. They sport cowboy hats and berets and think Kanye West stole their sunglasses. Everything about them is exactingly constructed to give off the vibe that they just don't care." 2009

Já li muita coisa, já pensei muito sobre assunto e sou da opinião que é como uma pescadinha de rabo na boca e que há uma simples razão que é a história repete-se. Todos os grandes movimentos de sub cultura, nascem num contexto de contra corrente, por isso se chamam sub cultura acho. E a zona geográfica onde essas sub culturas nascem tem uma grande influência no seu desenvolvimento. Exemplo de várias zonas em Lisboa que estão a ser alvo de uma grande reabilitação por parte de jovens que estão por trás de projectos inovadores (intendente por exemplo). Já para não falar que acredito que em tempos de crise há sempre uma tendência para o saudosimos e para o revivalismo de tempos passados que sentimos que são melhores que os que vivemos. A nostalgia é uma coisa muito bonita! A busca determinante por valores muito puros de outros tempos, que sentimos que perdemos, é o que fazem muitos começaram projectos em que a permissa é apenas:" seres quem tu és, irreverente, fiel a tu mesmo etc etc".

Sem me querer perder ou alongar (e acho que já fiz as duas coisas) acabo por concordar com o que os dois disseram da questão do genuino. Há aqueles que são os não conformados e que começam a criar um estilo de vida a parte, a margem (sub cultura) simplesmente porque não sentem que tem um espaço para se expressarem livremente na sociedade (exemplo dos Beats)...mas depois, como tudo, as pessoas cansam-se e escolhem a nova moda e ai começa a carneirada, por falta de melhor palavra. Tal como tivemos a era do grunge, seguida da era da briney, this to shall pass I think. Haverá sempre vestigios, isso é certo, e estando a viver no momento actual da coisa, é dificil imaginar-lhe um fim...mas não me esqueço que também já vivi num tempo em que ser cool era usar B&W...como os tempos mudam!

Desculpem o testamento mas não resisti a comentar.

E disse...

Tanta coisa para responder, nem sei bem por onde começar.

Secalhar, por uma premissa: rótulos existem e vão sempre existir.

POsto isto, a grande questão: o hipster. Engraçado é que, antes de Brooklyn, Porland foi o porto abrigo dos Hipster (modernos). Digo moderno, porque com 14 anos li em "pela estrada fora" pela primeira vez a palavra Hipster. e já no livro os denominadores comuns de hipster estavam lá: o renegar do mainstream, uma procura - seja lá ela qual for - pelo real, pelo genuino. E já um composto estético de moda (abragente, do vestuário ao resto).

E se actualmente há um olhar para trás, para inspirações passadas (presentes na moda estrictu sensu, música, cinema, etc etc) parece-me quase uma consequência normal olhar-se para aqueles hipters.

Acontece que, por várias razões, o hipster actual está muito conectado com a questão do vestuário. Mas isso parece-me normal. Porque é apenas mais, de uma certa forma, tribo urbana. Com uma variante, é uma tribo urbana que trancende gerações e idades. Um hipster pode ter 15 anos como 45.

É verdade que a Urban Outiftters pegou nesta tendência actual. Mas pegou a Vice, pelo Gavin Mcinnes, quando foi fundada. Mas é uma tendência.

Eu não vejo qualquer mal - não devemo julgar ninguém sob pena de nos julgarem a nós - que haja estas pessoas, hipsters. Alías, o mesmo de sempre ali em cima em vários cafés me chamou de hipster, o sacana. Mas a sério, hiptser, como eu o entendo é quem procura o seu próprio gosto, por questões de origem e reais com as quais se identifiquem ,que os façam sentir em comunhão com as cosias, principalmente nesta altura em que tudo é massificado. Claro que depois têm certos gostos, mas isso advém de vários factores que agora não interessa dissecar.

No fundo temos de procurar ser - ou tentar ser - nós proprios. Mas modas mudam. Tal como os nossos gostos. Pessoas com uma certa mentalidade vão sempre existir. Hoje chamam-lhes hipster. amanhã? Veremos.

(alonga-te as vezes que quiseres)

CatParkinson disse...

Concordo com a parte de não devemos julgar ninguém sob pena de nos julgarem a nós. Não tenho nada sério contra os hipsters, até porque acho que todos podemos ser facilmente um bocadinho hipsters. E sim acho que no fundo todos queremos ser únicos mas ao mesmo tempo pertencer a um grupo em que nos sentimos aceites...daí estas tribos nascerem. Só acho piada e até quase irónico que estas tribos que nascem com o propósito muitas vezes de fugirem ao mainstream...acabam depois por mais cedo ou mais tarde tornarem-se mainstream.

As modas mudam e nós mudamos com elas! Ou nós mudamos, face às circunstâncias históricas que vivemos e o que procuramos muda e consequentemente as modas também...um bocado aquela eterna questão o que veio primeiro a galinha ou o ovo. (aqui já divagando)

Já agora no seguimento... http://gothamist.com/2013/05/17/urban_outfitters_apparently_wants_t.php (lol) eles preparam um ataque a todas as frentes agora!!