terça-feira, 25 de junho de 2013

Tudo sobre a minha mãe



Reduzir o que a minha mãe me fez, deu ou construiu, é uma tarefa hercúlea. Porque dizem, não sei, que somos iguais. Feitios iguais, feitios parecidos. O ying e o yang. Por isso, avaliar o projecto da minha mãe, que sou eu, é olhar para mim. E julgar em causa própria nunca é bom. São algumas virtudes e muitos defeitos. Vejo-os nela, vejo-os em mim. Mas foi ela que me deu algumas das melhores dicas sobre a arte de viver em comunidade. Não falar alto. Um corte de cabelo mensal. Andar com as mãos limpas. Tratar bem as pessoas de quem se gosta. E as de que não se gosta cumprir os mínimos. Permite que te ataquem pelo que tentas fazer, mas sai mal, do que pelo que deixas de fazer. A elegância não se compra, por isso anda direito. O bom gosto  não se paga numa caixa registadora, por isso ignora a etiqueta e sente com os dedos. Nunca vais controlar por quem te irás apaixonar, mas procura-a tratar bem. O sorriso não tem preço, por isso nunca te esqueças de lavar os dentes. Tenta ler um jornal por dia, o mundo não gira à tua volta. E lê. Lê muito. Não interessa se é bom, se é mau, só interessa se gostas. Descobre aquilo que gostas e usa bem. Há tempo e espaço para tudo.