sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um conto, uma novela, "Franny and Zooey"


“An artist's only concern is to shoot for some kind of perfection, and on his own terms, not anyone else's.” 

A ficção imita a realidade. Ou numa outra acepção, inspira-se naquela. "Finding Forrester", o filme, tem fortes semelhanças com a vida de J.D. Salinger. Segundo um amigo meu, o maior escritor de sempre. Provavelmente diria que sou estúpido se lesse que antes de milhões de Teens terem Gossip Girl, adolescentes americanos tiveram "The Catcher in the Rye". Um coming of age book. Tinha Manhattan, tinha uma elite prep school, tinha alienação, e tinha um escrita fenomenal. E foi o livro que se seguiu a um dos melhores contos de sempre, "A Perfect Day for Bannafish". Que é a prova que boa escrita conquista as mulheres. Bardot quis os direitos do conto. A verdade é que a personagem Salinger é tao curiosa quanto os seus livros. Remeteu-se a uma reclusão (é aqui que o filme acima tem parecenças) após o sucesso do livro. A atenção que nunca quis foi intimidante. Ou uma outra razão qualquer que nunca expôs correctamente. Mas essa reclusão nunca o impediu de escrever. 


"Franny and Zooey" foi publicada inicialmente na The New Yorker - devíamos seguir este bom e velho costume americano - separados. Como conto e como novela. Só mais tarde na forma de livro. Dedicado ao editor daquela revista e com uma capa só com o nome, como foi o desejo de Salinger. Interligados pela ligação de parentesco dos protagonistas, irmãos. Franny, a irmã e actriz principal no conto, volta a aparecer em Zooey, o irmão e principal actor na novela. E os diálogos são sublimes. A escrita vive dos diálogos. Salinger mostra como se constrói diálogos. Mostra os estados de espirito das personagens pelas suas frases. Mostra como as personalidades das várias personagens são diferentes na forma como interagem e se referem às outras personagens. Aqueles dois irmãos e a sua família, dadas a entender por recordações dos dois irmão, manifestam um complexo enredo. Complexo e completo. Mais complexo e completo na novela. No conto é-nos apenas apresentado a irmã. A sua distância do ambiente onde está inserida. E depois, na novela, volta para Manhattan para o irmão e família. E como são diferentes. Todos geniais. E a complexidade aumenta. Porque ambos, pela sua genialidade, mais os referidos irmãos, são engolidos por um destino diferente. Porque a genialidade não se imita. E, nesses casos, por vezes, nasce uma necessidade de procurar algo. Uma razoa. Um caminho. Nem que seja espiritual. É isso que procura Franny, depois de mostrar as suas preocupações no conto. E é ajudada por Zooey, na novela. Mesmo quando tudo o que quer é que a irmã sai de uma letargia que a consome no sofá da casa de família. 






2 comentários:

Vic disse...

A letargia no sofá é-me muito familiar. Hás-de descobrir porquê...

E disse...

Acho que é familiar a todos. Mas estarei atento.