Em cima da mesa naquele café tinha os papéis para me candidatar à faculdade. Lembro-me que tinha a revista Trasher, sobre skate, também. Na mochila um livrinho pequenino de Nietzsche. Um livro que tinha começado a ler por gosto e que marcava uma das minhas escolhas nas opções de curso. A par de Direito equacionava filosofia. Eram seis as opções. Três para direito, três para filosofia.
As escolhas marcam parte do nosso percurso.
A verdade é que nunca equacionei qualquer curso ligado ao design ou ao desenho. Talvez por desconhecimento. E por falta de jeito, também. Mas a importância das linhas era algo que tinha embutido. A proporcionalidade. A harmonia estética. Por isso gostava de ler e ver os livros de fotografia que o meu pai tinha em casa. Também os livros de grandes obras de engenharia. Via os livros de história de arte da minha mãe. Não compreendia o pensamento por detrás de nenhuma daqueles livros, mas isso não me importava. Quando comecei a frequentar museus sozinho havia essa procura do belo. Pelo menos, a ideia que eu tinha do belo. Sempre admirei a beleza da simplicidade. Como as formas das miúdas. São lindas e simples. Curvas e contracurvas de sensualidade.
Essa procura, esse equilíbrio estendeu-se aquilo que colocamos por cima de nós todos os dias. Uma camisola perfeita tem de ter as linhas certas. Ser a proporção certa entre o justo e o largo. e depois toda a preocupação com os materiais.
Essa procura, esse equilíbrio estendeu-se aquilo que colocamos por cima de nós todos os dias. Uma camisola perfeita tem de ter as linhas certas. Ser a proporção certa entre o justo e o largo. e depois toda a preocupação com os materiais.
E eu, naquela mesa de café nunca pensei nisso. Não pelo menos desta forma. E a vida seguiu. E acabei em Direito.
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