quinta-feira, 4 de julho de 2013

Gostar é



Despir para alem da pele e ver muito para além daquela camada de pele que nos cobre o corpo. Os músculos, a gordura e os ossos. Aqui nos têm! Desprovidos de qualquer máscara que criamos no dia-a-dia. Somos agora um ser frágil que espera aceitação. A luz continua acesa. E o interruptor está tão perto. Mas a mão continua em baixo. Dança ali naquela zona das ancas sem saber o que fazer.
 

Gostar é mais que tirar a roupa. Ouvir o doce embalar de uma qualquer voz. Ou a ponta do nariz naquele momento em que se está a falar. Tudo conta quando nada interessa. O conjunto é indissociável das partes e as partes só são notadas no todo. 


É uma realidade tão exposta quanto aquilo que somos. Nós, ali, sob a luz que nos ilumina todos os defeitos. As marcas de nascença. Os sinais e as cicatrizes feitas quando crescíamos. Os cabelos em desalinho. É mostrar o corpo mostrando tudo. Num gesto desprovido de qualquer sensualidade. Abrir a porta de uma intimidade imaterial e não esconder nada.


Porque gostar não se consegue com camadas entre a pele de quem se gosta. Porque gostar é simples quando é real. Porque gostar é partilhar o toque, e o o toque é calor, e o calor é paixão, e a paixão é tesão, e a tesão é nua.  Porque gostar é mandar abaixo as barreiras que nos criam e correr até aos lábios de quem nos espera. Sentir uns braços em roda do nosso pescoço enquanto afundamos o rosto num pescoço que alberga o melhor cheiro que sentimos.  

2 comentários:

Sue disse...

Sabes bem qual é o melhor momento do meu dia... quando há noite apagamos as luzes para dormir e antes de nos virarmos para o nosso lado, damos aquele abraço que faz esquecer tudo o que aconteceu nesse dia, nada mais importa, só aquele momento em que estamos nos braços um do outro com aquele cheiro bom :)

E disse...

;) conheço bem esse cheiro