Despir para alem da pele e ver muito para além daquela camada de pele que nos cobre o corpo. Os músculos, a gordura e os ossos. Aqui nos têm! Desprovidos de qualquer máscara que criamos no dia-a-dia. Somos agora um ser frágil que espera aceitação. A luz continua acesa. E o interruptor está tão perto. Mas a mão continua em baixo. Dança ali naquela zona das ancas sem saber o que fazer.
Gostar é mais que
tirar a roupa. Ouvir o doce embalar de uma qualquer voz. Ou a ponta do
nariz naquele momento em que se está a falar. Tudo conta quando nada
interessa. O conjunto é indissociável das partes e as partes só são
notadas no todo.
É uma realidade tão
exposta quanto aquilo que somos. Nós, ali, sob a luz que nos ilumina
todos os defeitos. As marcas de nascença. Os sinais e as cicatrizes
feitas quando crescíamos. Os cabelos em desalinho. É mostrar o corpo
mostrando tudo. Num gesto desprovido de qualquer sensualidade. Abrir a
porta de uma intimidade imaterial e não esconder nada.
Porque gostar não se
consegue com camadas entre a pele de quem se gosta. Porque gostar é
simples quando é real. Porque gostar é partilhar o toque, e o o toque é
calor, e o calor é paixão, e a paixão é tesão, e a tesão é nua. Porque
gostar é mandar abaixo as barreiras que nos criam e correr até aos
lábios de quem nos espera. Sentir uns braços em roda do nosso pescoço
enquanto afundamos o rosto num pescoço que alberga o melhor cheiro que
sentimos.
2 comentários:
Sabes bem qual é o melhor momento do meu dia... quando há noite apagamos as luzes para dormir e antes de nos virarmos para o nosso lado, damos aquele abraço que faz esquecer tudo o que aconteceu nesse dia, nada mais importa, só aquele momento em que estamos nos braços um do outro com aquele cheiro bom :)
;) conheço bem esse cheiro
Enviar um comentário