sexta-feira, 12 de julho de 2013

Naquela tarde




Subimos à zona alta da cidade. Fomos até onde as casas estão cercadas de muros altos e portões de ferro. Lá dentro a música soava alta ao som de M83 e a piscina estava cheia. Entrámos. Rostos conhecidos. Rostos familiares. Vozes no ar e sorrisos arremaçados. Do jardim podiámos ver a cidade deitada até ao rio. Ela ficou deitada em pufs na sala de janelas corridas para o jardim a rir e a beber líquidos coloridos com elas. Na televisão passava Eternal Sunshine of the spotless mind. Lá fora espalhados pelo jardim, deitados na relva, deitados na esprigaçadeira, pessoas que conhecia. Daqui. Dali. Amigos e conhecidos. Miúdas de túnicas e pulseiras hippies nos pulsos a combinar com a pele dourada. Eles de camisas de 2 e 3 botões abertos ou de t-shirt. Copos e garrafas nas mãos. Cigarros nas outras. Alguns mergulhavam na piscina. Estava sol e calor. Ele, o anfitrião, estava sentado à beira da piscina. Paro ao pé dele. Ah, chegaste, diz-me ele enquanto tira os olhos no Mac que tem no colo. Descalço os sapatos, enrolo mais as calças e sento-me ao lado dele. Dás uma festa e ficas aí a trabalhar? perguntou-lhe. Sim, diz a rir-se, isto de ser trabalhador por conta própria tem as suas vantagens e desvantagens. Sim, respondo-lhe, criaste o teu pequeno Silicon Valey. E a S? pergunta-me. Lá dentro, aponto-lhe para a sala.   

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