Lá fomos. Subimos de Belém até à Ajuda para ver o Palácio e a exposição da Joana Vasconcelos. A TSF foi uma porreira. Tivemos direito a cocktails. Sumos de laranja. Salgados. Pastéis de Nata. Mulheres de LV penduradas no braço e vertiginosos saltos altos. Tipos de fato mas sem gravata. Um estilo boémio. Afinal são das criatividades. Ela conhece-os. Para mim brilha no meio. Eu bebo o meu sumo à sombra. O Pastel de nata estava quentinho. Algumas pessoas falam comigo. Então, e você, o que faz? Pergutam-me. Gosto de ver o sorriso amarelo quando respondo que fabrico sonhos. Olham-me para os sapatos castanhos. Quando olham para mim continuo a sorrir de volta.
Entramos para dentro do Palácio seguindo uma rapariga simpática que faz de guia. Gosto de guias simpáticos. Os simpáticos sabem sempre aqueles pormenores engraçados. Como que no lugar do Burro e do Cavalo, Milord e Apolo, respectivamente, colocados onde estavam os retratos dos filhos do rei e da rainha. E outras coisas. À nossa frente ia uma senhora com o cabelo pelos ombros e uma franja. Óculos de massa grandes Tom Ford - comprei-os em Nova Iorque, disse para a amiga - que lhe ficavam bem. Pela mão ia uma miúda pequenina que tirava notas. Porra, é fixe ver putos a gostarem destas coisas.
Pois que vi o Palácio e a exposição em simultâneo. O porquê de algumas peças estarem nas salas que estavam. Mas é aqui que começa o meu desinteresse. Pela exposição. O Palácio é fantástico. Do que foi inicialmente foi projectado só se construiu um terço. Disse a guia. E eu acreditei, porque é simpática e sabia pormenores giros. As obras são o que são. Joana Vasconcelos não está no meu panteão. Para mim há, sim, originalidade. Mas sou um clássico. Não um contemporâneo. Não sou seduzido por obras que têm de ser contextualizadas. Que não falam por sim além do impacto estético.
Descemos até Belém depois. Sentamo-nos junto ao rio. Gostaste, perguntei-lhe. Sim, mais do que estava à espera.
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