quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Defesa Da American Apparel


When you see these buses rolling by or these signs that say, "Bikini $ 4,99", I`m telling you, $ 4,99 doesn`t exist unless you`re screwing someone.
Dov Charney, Aqui
 O Chiado em Lisboa é como qualquer Chiado em qualquer cidade. Zaras, H&M`s e outras. A Diferença para o nosso Chiado é que não existe American Apparel e se chama mesmo Chiado. Mas de resto é igual. Pessoas de sacos das mãos saem das lojas. Onde compraram as mais recentes novidades a preços acessíveis. O mundo do Fast Fashion. Onde as tendências estão a metade do preço. A metade da qualidade. A metade do glamour.
 
A American Apparel é uma empresa vertical. Produz, destribui e vende. Sem recurso a outras empresas. O que lhe permite colocar no mercado produtos a preços acessíveis também. Mas mais caros que Zaras e H&M`s. E menos tendência. Mas mais da cena. Ou mais orientados para um público alvo. Um público que não gosta de ser catálogos. Que não gosta de ostentar logos.

Mas o que faz a diferença para aqueles euros de diferença entre um T-Shirt branca da Zara para uma T-shirt branca da American Apparel é o preço. O preço de produção. É a lei do custo de produção. Quanto mais caro custa produzir, mais o consumidor vai pagar. Assim, sem muitas mais regras em cima - vamos ignorar questões como marketing, qualidade, etc, questões subjectivas. A American Apparel paga acima da média aos seu trabalhadores de fundo. E Isto na Califórnia. O que faz com que uma t-shirt custe mais a fazer. Não são fábricas na China, no Bangladesh que as fazem. Onde se paga uma miséria aos trabalhadores. Mas é uma escolha consciente da empresa. 

No final duas t-shirs. O que traduz numa escolha de 5 euros ou 20 euros por uma t-shirt. Uma escolha que envolve racionalidade económica versus racionalidade social.

Existe na internet boicotes a empresas que produzem em países onde os salários roçam a escravatura. Dizem, uns, que só se paga o que as pessoas aceitam. Mas cospem para o ar essas pessoas. No Chiado existem trabalhos, embrulhados em "estágio", onde se paga "nada". Claro que vai haver sempre quem aceite. Afinal, 1 é sempre melhor que 0. E não tenho conhecimentos para prever o que aconteceria se os boicotes fossem totais.

O que sei é que hoje há chavões. Ecologia. Sustentabilidade. A defesa da bicicleta. A defesa de uma maior proximidade. A defesa da comunidade. Mas depois compra-se alegremente t-shirts produzidas por um puto do Bangladesh que não sabe escrever o seu próprio nome e tem 15 anos. E recebe ao final do dia 20 cêntimos. Esse dinheiro nem permite um café no Chiado.

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