domingo, 18 de agosto de 2013

Conversas Sérias e Futebol Aqui No Sul

Ao final do dia com uma sangria à frente o inglês diz que viveu durante um tempo em Paris. Os californianos dizem que adoram Paris. Ela diz que já fomos a Paris. O inglês pergunta-me o que achei. Eu digo que o meu coração está em Nova Iorque, mas que adoro Paris. E tu? Pergunta o inglês a Ela. Ela diz que também adora, mas ficou deslumbrada com Nova Iorque. Tal como Beauvoir quando lá foi, insiste. O inglês ri-se, foi no rua da casa de Sartre que vivi. E comungas do seu pensamento? Pergunto. Ele abre os braços e diz que um cavalheiro nunca fala das suas relações com as miúdas, mas nunca entregou o seu coração a nenhuma. Os californianos perguntam até que ponto podemos ser livres se nunca nos comprometermos com alguém? O inglês desdenha. Vocês e o vosso falso pudor americano, diz com um sorriso carregado de cockiness sotaque. Eu encho mais um copo, encho um para Ela. Sartre, digo, era livre, mas também prisioneiro da sua própria filosofia. Ao assumir que teria de dizer sempre toda a verdade, ao assumir que seria sempre livre e ao recusar entregar-se por completo pelo casamento ou outra relação burguesa, acabou por se prender. Há silêncio na mesa. O barulho do mar lá ao fundo. O inglês disparou numa gargalhada. E o campeonato que começa este fim‑de‑semana? Os californianos disparam agora eles numa gargalhada, vocês e o vosso futebol. Hei, We love the Games!

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