segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Breve Teoria Sobre O Bikini

Regressei a Lisboa. E de manhã, em pleno Chiado sentei-me à mesa com eles. Todos vínhamos de algum sítio. Um deles veio das Ilhas Gregas, onde estive há três anos. Diz-me que tinha razão, aquilo é fantástico. Os outros  vieram da Costa Alentejana. Nota-se em nós o ar de praia recente. Agora, embrulhados nos fatos de dois botões e gravatas com nó inglês, falamos de míudas. Bikinis, para ser preciso.
 
Há uns anos apareceram timidamente. Só algumas miúdas, senhoras, ou mulheres atreviam-se a passear na praia com as durante o resto do ano nalgas escondidas. Eram os anos em que as calças de cintura descaída por vezes mostravam a roupa interior das miúdas. Eram os anos em que sorriamos uns para os outros com ares ligeiramente pervertidos. Afinal, era só soupa interior. Mas a roupa interior faz sonhar. E esse é a primeira diferença para o Bikini.
 
Naquele tempo - expressão carregada de dogma - era o tempo do fio dental na praia. Nunca sei as denominações correctas. Umas nalgas desnudas neste país de brandos costumes. Hoje estão mais democratizados. Mas o principío mantém-se: é demais. Todos ali, à volta da mesa, concordávamos. É demais. Excessivo. Retira o mágico mundo do vamos supor como será aquele rabo. Além de expor, retira. Retira elgância e charme.
 
Os anos mudaram. E existem hoje em menor número. Surgiram as asas delta. E os bikinis cortina. Uns são óptimos, outros são perfeitamente odiosos aos olhos de um tipo. A asa delta além de mostrar mais que a normal cueca abraça o rabo. Contorna as - porque é disto que falamos - nalgas. Como cada rabo é um rabo, dá-lhe profundidade. Dá, por vezes a ideia, de que existe um belo rabo. O "cortina" é uma coisa com a forma de cueca. Enfiado entre as nalgas o tecido mais parece um fole. Que em certos rabos bem podia soprar e encher de algum ar. Este bikini mostra quase tudo. Mostra as nalgas e muitas vezes a inexistência de um rabo que o suporte. Será um 2 em 1 ao contrário. Bikini feio e desadequado.
 
Haverá excepções, diz um de nós. Pois é verdade. E ainda que feio, diz um outro, continuamos a olhar. Pois, também é verdade. Mas, diz ainda um outro, é que podemos olhar, mas existe por vezes um certo olhar de reprovação. Bem diferente do olhar ligeiramente pervertido de há alguns anos. Mudámos, crescemos, diz um outro. Talvez.
 
Os bikinis é um assunto difícil. Até porque a asa delta em certos rabos está a mais. Nada que uma simples cueca sirva o propósito. E melhor. Pois, mais uma vez, é verdade. Como em tudo, confiança e auto-conhecimento. Um de nós diz que a namorada teceu alguns comentário a uma miúda com curvas que tinha uma asa delta na Comporta. E ele não percebeu esses comentários. Não pelo menos pelos olhos dela. Mais uma vez há concordância há mesa. As curvas querem-se. E nunca se pode desdenhar de uma asa delta em curvas. Porque já todos vimos muitas miúdas sensais com curvas e bikinis reduzidos. Não é um exclusivo de magras.
 
Levantámo-nos. O regresso à cidade para mais umas 4 semanas antes de voltarmos a partir cada um para o seu lado. Vais para onde? Quem foi para as Ilhas gregas desce ao Alentejo. Quem esteve no Alentejo vai voar para Paris e Nova Iorque. E eu? Ainda não sei. Já subiámos a rua Garrett quando um de nós disse em voz alta, e a merda dos calções de banho? Olhámos todos uns para os outros. O que tem? Qual o tamanho certo ou adequado? Um de nós chegou-se à frente: nunca um speedo, nunca a cobrir ou abaixo do joelho, nunca mais curtos que uns boxers. Silêncio na rua às oito da da manhã. Temos mais sorte que elas. Talvez.

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