terça-feira, 8 de outubro de 2013

A Rapariga Da lata de Coca-Cola - Part II

Aqui. Foi a primeira parte. E hoje descobri o texto que escreveu:

No outro dia, uma amiga pediu-me para eu lhe dar a minha definição de amor. E eu pensei em ti. A ela disse-lhe, para mim, é rever-me nele. Sentir que nos encontrámos, e esperar que nos voltemos a encontrar. É o meu corpo reconhecer o dele como meu. E o meu beijo ser o dele. É sentir-me em casa no deserto, na cidade, debaixo de uma árvore, no meio do trânsito, porque estou com ele. É querer respirá-lo. Deixá-lo respirar-me. É sentir as certezas que não se ouvem. E por isso, sem saber que ele me amava, amei-o. E sem ele saber que me amava, amou. Provavelmente ainda não saberá. Mas sentes? Amar, mim, é isto. É rir-me ou sorrir quando penso nele. Sentir tudo vivo e quente e colorido. É o tempo deixar de correr, ou passar por mim a correr. É o nada ser tudo, porque ele existe em mim. É escrever e nada ser verdadeiramente poético, porque toda a poesia está em nele e em mim e em nós. É querer que ele vá, sem saber se ele volta. É dar tempo ao tempo. É correr o risco de parecer precipitada por falar com tantas certezas do que sinto. É rasgar a boca quando sorrio. Porque penso nele. É rasgar o meu corpo ao me abrir. Para ele. Porque o amor que sinto por ele é maior do que o meu corpo. E preciso de o deixar sair. Para entrar nele. É sentir-me crescer. É sentir que vou explodir se não escrever sobre ele. Mesmo que esconda as palavras e não deixe escapar nada dos textos que me prendem a ele. Escreve-lo numa folha de papel, desenhando o seu nome como se percorresse o seu corpo. Amor. Quatro letras de prazer. E repeti-lhe, para mim, é rever-me nele. E falo nele, porque não quero dizer o teu nome. Porque gosto de o ouvir tão bem dentro de mim. Como um segredo que guardo, e só para mim. Porque eu sei quem és. Sei como te escreves. Guardo-te em sons, em músicas, em palavras, em imagens e em cheiros. Como se te resguardasse do exterior, guardo-te dentro do meu corpo. Onde já estiveste. Onde ainda hoje te sinto. E onde fazes sentido.

5 comentários:

Mafalda Beirão disse...

"Onde ainda hoje te sinto".

Lá está.

E disse...

Sem palavras :|

Anónimo disse...

"Como se te resguardasse do exterior, guardo-te dentro do meu corpo. Onde já estiveste. Onde ainda hoje te sinto. E onde fazes sentido."

Que texto magnifico.

E disse...

O blogger volta. Estou bastante contente.

Mas tens razão, é de facto um texto magnífico. e um blog fantástico. pena estar parado no tempo.

Anónimo disse...

O Blogger volta sempre que vale a pena :)